Mudanças entre as edições de "Litíase urinária"

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(Investigação)
(O tratamento no SUS)
 
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==Investigação==
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==Investigação<ref>[https://portaldaurologia.org.br/medicos/publicacoes/guidelines/ Guideline Resumido da European Association of Urology, 2018]</ref>==
A '''tomografia computadorizada''' representa o método de escolha para investigação diagnóstica para litíase urinária.<br>
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A '''ultrassonografia (US)''' deverá ser o primeiro método diagnóstico de imagem.<br>
A segunda alternativa pode ser a ultra-sonografia associada à radiografia simples de abdome.<br>
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O Rx simples de abdome (RUB) é útil ao diferenciar entre cálculos radiopacos e radiotransparentes, bem como para comparações durante o seguimento.<br>
A urografia excretora está indicada nos casos em que se desejam informações específicas de anatomia e função renal.<br>
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A tomografia computadorizada sem contraste deve ser utilizada após a ultrassonografia inicial para confirmar o diagnóstico de litíase em um paciente com dor lombar aguda.<br>
O ultra-som e a ressonância magnética podem ser particularmente úteis nas pacientes grávidas.<br>
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Um estudo radiológico contrastado serve para planejamento da remoção cirúrgica do cálculo e avaliação da anatomia do sistema coletor.<br>
Os achados ao ultra-som de cálculos de três milímetros ou menos são de valor reduzido.
 
  
==Tratamento clínico<ref>[http://www.projetodiretrizes.org.br/5_volume/29-LitiUrin.pdf Lemos GC, Schor N. ''Litíase Urinária: Aspectos Metabológicos em Adultos e Crianças''. Sociedade Brasileira de Urologia. Projeto Diretrizes. Associação Médica Brasileira. Conselho Federal de Medicina. São Paulo. jun/2006.]</ref> (conservador, sem cirurgia)==
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==Tratamento clínico(conservador, sem cirurgia)==
Não há consenso entre os especialistas, pois:
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O alívio da dor é o primeiro passo terapêutico no manejo da cólica renal.<br>
* Apesar de 40 anos de pesquisa laboratorial e epidemiológica, o papel dos elementos que causam e dos que impedem a formação dos cálculos não está totalmente entendido;
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Mediante a manutenção da dor lombar, apesar do tratamento medicamentoso, deve-se proceder à drenagem da unidade renal obstruída (cateter ureteral ou nefrostomia percutânea) ou a remoção do cálculo.<br>
* A formação de cálculos nem sempre está associada a valores alterados de exames de sangue e urina habitualmente realizados;
 
* A história natural da litíase é muito variável, necessitando seguimento em longo prazo para avaliar seu benefício.<br>
 
Além destes aspectos, os medicamentos disponíveis para tratamento no que diz respeito à dissolução do cálculo, crescimento ou
 
recorrência não são totalmente estabelecidos. A maioria dos estudos científicos não apresenta controles com placebo ou versus história natural da evolução da doença. Os tratamentos devem levar em consideração a observação de que '''15% a 20% dos pacientes apresentam redução da recorrência sem tratamento'''.<br>
 
Recomendações comprovadas cientificamente:
 
# '''Aumento da ingestão de fluidos:''' Os pacientes devem ser orientados para ingerir, pelo menos, 2,5 L/dia.
 
# '''Ingestão de cálcio e potássio''': Sugere-se a ingestão de 800 a 1200 mg de cálcio ao dia, ''na forma de alimentos''. Tanto o excesso como a restrição do cálcio são prejudiciais.
 
# '''Restrição da ingesta de proteínas e sódio'''
 
 
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* '''O PAPEL DAS MEDICAÇÕES NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA LITÍASE'''<br>
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* '''O PAPEL DAS MEDICAÇÕES NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA LITÍASE'''<ref>[http://www.projetodiretrizes.org.br/5_volume/29-LitiUrin.pdf Lemos GC, Schor N. ''Litíase Urinária: Aspectos Metabológicos em Adultos e Crianças''. Sociedade Brasileira de Urologia. Projeto Diretrizes. Associação Médica Brasileira. Conselho Federal de Medicina. São Paulo. jun/2006.]</ref> <br>
 
Estudos de tratamento medicamentoso para litíase sugerem que ocorre redução na formação de cálculos, porém estes são estudos com poucos pacientes e evolução menor de 3 anos. As medicações utilizadas apresentam efeitos colaterais consideráveis, sendo sugerido que elas sejam prescritas quando ocorrer a formação recorrente de cálculos. Por outro lado, a litotripsia extracorpórea por ondas de choque também tem efeitos colaterais importantes, que apesar de pouco freqüentes, podem ser graves. Deste modo, as medidas dietéticas e a prescrição criteriosa do tratamento medicamentoso devem ser a escolha preferencial para prevenção de futuros eventos litiásicos, até que novas drogas com menor potencial nocivo sejam desenvolvidas.<br>
 
Estudos de tratamento medicamentoso para litíase sugerem que ocorre redução na formação de cálculos, porém estes são estudos com poucos pacientes e evolução menor de 3 anos. As medicações utilizadas apresentam efeitos colaterais consideráveis, sendo sugerido que elas sejam prescritas quando ocorrer a formação recorrente de cálculos. Por outro lado, a litotripsia extracorpórea por ondas de choque também tem efeitos colaterais importantes, que apesar de pouco freqüentes, podem ser graves. Deste modo, as medidas dietéticas e a prescrição criteriosa do tratamento medicamentoso devem ser a escolha preferencial para prevenção de futuros eventos litiásicos, até que novas drogas com menor potencial nocivo sejam desenvolvidas.<br>
 
Na era dos tratamentos minimamente invasivos e de baixa morbidade, procura-se utilizar o menor número de drogas possível. Estas
 
Na era dos tratamentos minimamente invasivos e de baixa morbidade, procura-se utilizar o menor número de drogas possível. Estas
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A mudança do estilo de vida deve ser enfatizada.
 
A mudança do estilo de vida deve ser enfatizada.
  
==Nefrolitotripsia Percutânea (NLP)==
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==Tratamento intervencionista<ref>[https://sbn.org.br/utilidades/diretrizes-e-recomendacoes/ Sociedade Brasileira de Nefrologia. Diretrizes de Litíase Renal]</ref>==
é um procedimento urológico minimamente invasivo para o tratamento de cálculos renais. Foi realizada pela primeira vez em 1976, mas após o advento da LEOC (Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque) ficou em segundo plano, retornando para seu lugar de destaque nos casos de falha ao tratamento com LEOC. Atualmente tem suas indicações bem definidas para cálculos renais maiores que 2 cm em pelve renal ou cálices superiores, cálculos de cálice inferior maiores que 1 cm, cálculos muito duros (vistos à tomografia com densidade >1000UH) e aqueles casos que falharam ao tratamento anterior com LEOC.
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Os avanços técnicos e tecnológicos tem promovido mudanças significativas no tratamento dos cálculos urinários. Atualmente, sempre que possível, procura-se tratar os cálculos do trato urinário de maneira minimamente invasiva. Estas propiciam as seguintes vantagens: ausência ou cicatrizes muito pequenas, menor período de hospitalização, menos dor no pós operatório, menor período de convalescência, retorno mais precoce às atividades profissionais e melhor satisfação para o paciente. <br>
O procedimento consiste da punção de um cálice renal guiada por radioscopia, seguida
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As cirurgias minimamente invasivas utilizadas no tratamento dos cálculos do trato urinário são: litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LECO), nefrolitotripsia percutânea (PCN), ureterolitotripsia transureteroscópica (UL) e ureterolitotomia laparoscópica (ULL). As cirurgias convencionais (CC) ainda tem lugar no tratamento dos cálculos urinários, entretanto em um pequeno número de pacientes.<br>
da dilatação até se poder entrar com o nefroscópio dentro do rim - aparelho com menos de 1cm de diâmetro munido de uma câmera, por onde se pode observar a anatomia intrarrenal, e de um canal de trabalho, por onde se podem passar probes e pinças para quebrar e retirar os cálculos, respectivamente. Esta pequena incisão de aproximadamente 1cm é bastante diferente daquela lombotomia tradicional para cirurgia aberta, tanto esteticamente, como, principalmente, relacionado a dor e à recuperação no pós-operatório.    
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O tratamento dos cálculos do trato urinário pode ser determinado pelos sintomas, grau de obstrução, tamanho, localização e associação com infecção . Considera-se também a segurança do procedimento, conforto do paciente, tempo de recuperação e os custos.<br>
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Os cálculos do trato urinário menores de até quatro milímetros (mm) no maior diâmetro têm grande probabilidade de serem eliminados espontaneamente e podem na maioria dos casos, aguardar que isso ocorra naturalmente.<br>
  
==Litotripsia extra-corpórea por ondas de choque (LEOC ou LECO)==
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==O tratamento no SUS==
É um tratamento para cálculos urinários (pedra nos rins, cálculo renal), que consiste em submeter o cálculo ao impacto de sucessivas ondas de choque de alta energia, geradas por diferentes mecanismos de acordo com o tipo de equipamento, emitidas por uma fonte à distância do foco de atuação, que se propagam em meio líquido e penetram no corpo em direção ao cálculo. Essa onda de choque entra no abdômen do(a) paciente portador do cálculo urinário através do ponto de contato entre um cilindro (que contém a fonte de energia e um meio líquido de propagação da onda) e a pele. Após incidir sobre o cálculo, a onda de choque continua se propagando até sair do corpo.  
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Tanto o tratamento clínico (conservador) quanto o cirúrgico são disponibilizados gratuitamente pelo SUS.<br>
Trata-se de um procedimento ambulatorial e pouco doloroso, dependendo do limiar de dor do paciente, do tipo de máquina, da intensidade utilizada (dureza do cálculo) e do número de impulsos.
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Dentre as diversas modalidades cirúrgicas disponíveis, destacamos as abaixo, extraídas do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP)<ref>Disponível em: http://sigtap.datasus.gov.br</ref>:
Pode ser realizado sob analgesia, sedação, ou anestesia peridural, com o objetivo de quebrar o cálculo, dando origem a fragmentos pequenos o bastante para serem eliminados espontaneamente com o fluxo urinário. O sucesso absoluto é traduzido pela eliminação completa do cálculo após o tratamento
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<table border="1" cellpadding="2">
A LEOC revolucionou o tratamento da calculose urinária, transformando-se rapidamente na maior inovação tecnológica para o tratamento desta doença.
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<tr><th>Código<th>Descrição
No início, o seu uso foi limitado ao tratamento de cálculos renais, no entanto, os avanços na tecnologia destes equipamentos permitiram a aplicação desta modalidade não invasiva também em cálculos em todo o ureter (tubo de ligação entre os rins e a bexiga) e bexiga.
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<tr><td>0409010146<td>EXTRACAO ENDOSCOPICA DE CALCULO EM PELVE RENAL
Deve ser considerado como um procedimento não invasivo, com baixo índice de complicações, indicada por urologistas e realizado em equipamentos operados por médico.
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<tr><td>0409010154<td>EXTRACAO ENDOSCOPICA DE CORPO ESTRANHO / CALCULO EM URETER
 +
<tr><td>0409020036<td>EXTRACAO ENDOSCOPICA DE CORPO ESTRANHO / CALCULO NA URETRA C/ CISTOSCOPIA
 +
<tr><td>0409010189<td>LITOTRIPSIA
 +
<tr><td>0309030129<td>LITOTRIPSIA EXTRACORPOREA (ONDA DE CHOQUE PARCIAL / COMPLETA EM 1 REGIAO  RENAL)
 +
<tr><td>0409010235<td>NEFROLITOTOMIA PERCUTANEA
 +
<tr><td>0409010316<td>PIELOLITOTOMIA
 +
<tr><td>0409010391<td>RETIRADA PERCUTANEA DE CALCULO URETERAL C/ CATETER
 +
<tr><td>0409010561<td>URETEROLITOTOMIA
 +
<tr><td>0409020184<td>URETROTOMIA P/ RETIRADA DE CALCULO OU CORPO ESTRANHO
 +
</table>
  
 
==Referências==
 
==Referências==
 
<references/>
 
<references/>

Edição atual tal como às 10h45min de 5 de abril de 2021

Investigação<ref>Guideline Resumido da European Association of Urology, 2018</ref>[editar]

A ultrassonografia (US) deverá ser o primeiro método diagnóstico de imagem.
O Rx simples de abdome (RUB) é útil ao diferenciar entre cálculos radiopacos e radiotransparentes, bem como para comparações durante o seguimento.
A tomografia computadorizada sem contraste deve ser utilizada após a ultrassonografia inicial para confirmar o diagnóstico de litíase em um paciente com dor lombar aguda.
Um estudo radiológico contrastado serve para planejamento da remoção cirúrgica do cálculo e avaliação da anatomia do sistema coletor.

Tratamento clínico(conservador, sem cirurgia)[editar]

O alívio da dor é o primeiro passo terapêutico no manejo da cólica renal.
Mediante a manutenção da dor lombar, apesar do tratamento medicamentoso, deve-se proceder à drenagem da unidade renal obstruída (cateter ureteral ou nefrostomia percutânea) ou a remoção do cálculo.

Estudos de tratamento medicamentoso para litíase sugerem que ocorre redução na formação de cálculos, porém estes são estudos com poucos pacientes e evolução menor de 3 anos. As medicações utilizadas apresentam efeitos colaterais consideráveis, sendo sugerido que elas sejam prescritas quando ocorrer a formação recorrente de cálculos. Por outro lado, a litotripsia extracorpórea por ondas de choque também tem efeitos colaterais importantes, que apesar de pouco freqüentes, podem ser graves. Deste modo, as medidas dietéticas e a prescrição criteriosa do tratamento medicamentoso devem ser a escolha preferencial para prevenção de futuros eventos litiásicos, até que novas drogas com menor potencial nocivo sejam desenvolvidas.
Na era dos tratamentos minimamente invasivos e de baixa morbidade, procura-se utilizar o menor número de drogas possível. Estas devem ser prescritas para pacientes com elevada recorrência, risco cirúrgico alto e quando não há adesão ao tratamento dietético.
A mudança do estilo de vida deve ser enfatizada.

Tratamento intervencionista<ref>Sociedade Brasileira de Nefrologia. Diretrizes de Litíase Renal</ref>[editar]

Os avanços técnicos e tecnológicos tem promovido mudanças significativas no tratamento dos cálculos urinários. Atualmente, sempre que possível, procura-se tratar os cálculos do trato urinário de maneira minimamente invasiva. Estas propiciam as seguintes vantagens: ausência ou cicatrizes muito pequenas, menor período de hospitalização, menos dor no pós operatório, menor período de convalescência, retorno mais precoce às atividades profissionais e melhor satisfação para o paciente.
As cirurgias minimamente invasivas utilizadas no tratamento dos cálculos do trato urinário são: litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LECO), nefrolitotripsia percutânea (PCN), ureterolitotripsia transureteroscópica (UL) e ureterolitotomia laparoscópica (ULL). As cirurgias convencionais (CC) ainda tem lugar no tratamento dos cálculos urinários, entretanto em um pequeno número de pacientes.
O tratamento dos cálculos do trato urinário pode ser determinado pelos sintomas, grau de obstrução, tamanho, localização e associação com infecção . Considera-se também a segurança do procedimento, conforto do paciente, tempo de recuperação e os custos.
Os cálculos do trato urinário menores de até quatro milímetros (mm) no maior diâmetro têm grande probabilidade de serem eliminados espontaneamente e podem na maioria dos casos, aguardar que isso ocorra naturalmente.

O tratamento no SUS[editar]

Tanto o tratamento clínico (conservador) quanto o cirúrgico são disponibilizados gratuitamente pelo SUS.
Dentre as diversas modalidades cirúrgicas disponíveis, destacamos as abaixo, extraídas do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS (SIGTAP)<ref>Disponível em: http://sigtap.datasus.gov.br</ref>:

CódigoDescrição
0409010146EXTRACAO ENDOSCOPICA DE CALCULO EM PELVE RENAL
0409010154EXTRACAO ENDOSCOPICA DE CORPO ESTRANHO / CALCULO EM URETER
0409020036EXTRACAO ENDOSCOPICA DE CORPO ESTRANHO / CALCULO NA URETRA C/ CISTOSCOPIA
0409010189LITOTRIPSIA
0309030129LITOTRIPSIA EXTRACORPOREA (ONDA DE CHOQUE PARCIAL / COMPLETA EM 1 REGIAO RENAL)
0409010235NEFROLITOTOMIA PERCUTANEA
0409010316PIELOLITOTOMIA
0409010391RETIRADA PERCUTANEA DE CALCULO URETERAL C/ CATETER
0409010561URETEROLITOTOMIA
0409020184URETROTOMIA P/ RETIRADA DE CALCULO OU CORPO ESTRANHO

Referências[editar]

<references/>