Curativos

De ceos
Revisão de 12h23min de 17 de outubro de 2014 por Autor (Discussão | contribs) (Referência)
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Avaliação da ferida influencia diretamente na escolha do curativo

Avaliar e documentar a evolução da ferida é imprescindível para se determinar o tratamento apropriado para cada caso. Esta avaliação e documentação deve ser realizada de forma sistemática, desde a ocorrência da lesão até sua completa resolução.

Conforme extensa literatura disponível sobre feridas, como o processo cicatricial evolui constantemente, certos curativos podem deixar de ser a melhor indicação após alguns dias. O acompanhamento adequado é fundamental e deve ser feito por pessoa capacitada. Além disso, os pacientes podem reagir de forma totalmente diferente, mesmo apresentando feridas semelhantes.

O profissional de saúde, capacitado, deve acompanhar com precisão as alterações da ferida a fim de tomar decisão de tratamento baseado nas condições avaliadas.

Abordagens necessárias para a escolha do curativo adequado

- elaboração de um histórico detalhado do quadro clínico do paciente: descrevendo a data de início da ferida, evolução, tratamentos já realizados;

- exame subjetivo:

- medições da ferida: Local, Tamanho e Profundidade;

- características do leito da ferida: tais como tecido necrótico, tecido de granulação ou infecção;

- condição da pele periférica: normal, edemaciada, esbranquiçada, brilhante, morna, vermelha, seca, escamando, fina;

- Drenagem: Tipo da secreção

  • serosa: é plasmático
  • Aquoso
  • transparente: normalmente presente em lesões limpas
  • sanguinolenta:lesão vascular
  • purulenta:é o resultado de leucócitos e microorganismos vivos ou mortos, apresentando coloração que pode variar entre amarelo, verde ou marrom de acordo com o agente infeccioso;

- Quantidade da secreção: baixo, moderado, alto;

- Coloração da ferida:

  • vermelho: tecido de granulação
  • amarelo: há grande quantidade de material fibrótico e outros componentes oriundos da degradação célula;

- Odor;

- Consistência;

- temperatura local;

- Circunferência do membro;

- queixas de dor no local.

Feridas Crônicas

As feridas crônicas distinguem-se por não seguirem o processo dinâmico e fisiológico da cicatrização, resultando numa descoordenação multi-sequencial que perturba a recuperação da integridade anatômica e funcional no intervalo de tempo normal (6 semanas). O diagnóstico diferencial das feridas crônicas é amplo, destacando-se como principais causas, a insuficiência venosas crônica dos membros inferiores, as alterações vasculares e neuropáticas periféricas associadas à Diabetes mellitus e as úlceras relacionadas com mecanismos de pressão.

Cicatrização

Deve-se frisar que, para a resolução de uma ferida o organismo e a área cruenta devem ter condições favoráveis. As condições clínicas desfavoráveis devem ser sanadas ou melhoradas para que se possa facilitar e acelerar a evolução natural do processo de cicatrização da ferida. Os distúrbios sistêmicos estão relacionados com as condições gerais do individuo, que influenciam no tempo e na qualidade da cicatrização (BORGES et al., 2008). Dentre outros fatores que influenciam no processo de cicatrização, destacamos a idade do indivíduo, a obesidade, oxigenação do local da ferida (irrigação sanguinea), efeitos adversos de outros medicamentos, tabagismo, estresse/ansiedade e o estado nutricional.

Curativos e Coberturas

A cobertura a ser utilizada deve ser biocompatível, proteger a ferida das ações externas físicas, químicas e bacterianas, manter o leito da ferida continuamente úmido e a pele ao redor seca, eliminar e controlar exsudatos e tecido necrótico mediante sua absorção, deixar uma mínima quantidade de resíduos na lesão, ser adaptável a difíceis localizações e ser de fácil aplicação e retirada (JORGE;DANTAS, 2005; GNEAUPP, 2000).

Existem atualmente no mercado inúmeras coberturas e curativos, com essa finalidade, mas se faz necessário uma avaliação rigorosa da ferida.

Além de considerar os fatores individuais de cada paciente, considerar o custo x benefício do tratamento, e condições disponíveis para que o tratamento seja efetivamente realizado e orientações de cuidados domiciliares.


  • ÁCIDO GRAXO ESSENCIAIS – AGE

Óleo vegetal composto por ácido linoléico, caprílico, cáprico, capróico, vitaminas A, E, e lecitina de soja. É indicado tanto na proteção da pele íntegra quanto no tratamento das úlceras de pressão e de membros inferiores, mantêm o meio úmido e acelera o processo de granulação.

Troca do curativo: é recomendada de 12 a 24 horas e pode ser associado a diversos tipos de coberturas.

Disponíveis no mercado e apresentações:

-Dersani (100ml e 200 ml)

-AGECremer óleo 30ml, 100ml, 200ml, 250ml e 500 ml

-AGE Derm 100ml e 200 ml

-AtivoDerme 100 ml

-Lin´Óleo 20ml, 100ml e 200 ml

-Óleo de abacate Natural

-Sommacare 20ml, 30ml, 100ml, 200 ml


  • ÁCIDO HIALURÔNICO

O ácido hialurônico é o único GAG não-sulfatado da matriz extracelular. Possui o papel crítico na manutenção da estrutura e da integridade da pele, assim como na cicatrização das lesões. É muito utilizado no tratamento das lesões crônicas.

Indicações:

- queimaduras de segundo grau;

- áreas cruentas pós trauma ou ressecção cirúrgica;

- feridas de tecido granulado;

- áreas receptoras e doadoras de enxertos dermo-cutâneos;

Contra-indicação: feridas que apresentam secreção purulenta;

Vantagens:

- preserva o tecido de granulação;

- não adere ao leito da ferida;

Troca recomendada: - em média de 12 a 24 horas

Disponíveis no mercado e apresentações:

- Connettivina/ Connettivina plus; Creme 15g/ gel 30g/ gaze impregnada com prata: 2mg 10x10/ 4 mg 10x20/ 12 mg 20x30/ spray 20 ml

- Hyalastine;


  • ALGINATO DE CÁLCIO

São constituídos por fibras extraídas de algas marinhas marrons, compostas pelos Ácidos Gulurônico e Manurônico, apresentando íons cálcio e sódio incorporados. Quando em contato com o exsudato forma um gel hidrofílico e não aderente que proporciona um meio úmido sobre a superfície da ferida, promovendo o desbridamento autolítico e absorvendo o excesso de exsudato, permitindo a remoção sem trauma, com pequeno ou nenhum dano para o tecido recém-formado criando, desse modo, um meio adequado para o processo de cicatrização. Além disso, os alginatos de cálcio não são tóxicos e nem alergênicos e são totalmente biodegradáveis, com pouca ou nenhuma reação tissular.

Indicações: feridas exsudativas, com sangramento, limpas ou infectadas, agudas ou crônicas, superficiais ou profundas.

Freqüência de troca: - Para feridas infectadas, efetuar a troca, no máximo, a cada 24 horas ou de acordo com a orientação do profissional de saúde. - Para feridas limpas exsudativas, efetuar a troca quando o curativo estiver saturado ou de acordo com a orientação do profissional da saúde, não deixando permanecer por mais de sete dias.

Disponíveis no mercado e apresentações:

-Algoderm 30x2 10x20

-Curasorb 10x10 10x20 15x25

-Kaltostat 5x5 7,5x12 10x20 15x25 10x10 Fita 2g

-Melgisorb 10x10 5x5 15x15 3x44

-Seaborb 10x10 15x15 Fita 44cm

-Sorbalgon 5x5 10x10 10x20

-Sorbalgon T Fita 1g Fita 2g

-Sorbsan 40x2g 5x5 10x10

-Suprasorb A 5x5 10x10 10x20 Fita 3x2g

-Restore Calcicare 10x10 10x20 5x5 20x2g

-Tegagen 5x5 10x10 10x20 Fita 30cm


  • ALGINATO DE CÁLCIO COM CARVÃO ATIVADO

Cobertura que associa o alginato de cálcio e o carvão ativado. O curativo é formado por três camadas: camada interna (alginato de cálcio e sódio); camada intermediária (carvão ativado); camada externa (hidrofibra)

Indicação:

- feridas fétidas;

- infectadas;

- com grande quantidade de exsudato.

Mecanismo de ação:

- favorece desbridamento autolítico;

- controla o odor;

- não adere ao leito da ferida;

Freqüência de substituição: Segundo a saturação, em média 48 á 72 horas.

Disponível no Mercado e apresentações:

-Carboflex – 10x10 cm ou 8x15 cm


  • ALGINATO DE CÁLCIO E HIDROCOLÓIDE

Cobertura que associa o alginato de cálcio e o hidrocolóide.

Indicação:

- Feridas limpas com média e pequena quantidade de exsudato;

- prevenção de úlcera de pressão;

- queimaduras de segundo grau;

Composição:

- Camada interna (gelatina, pectina, alginato, carboximetilcelulose)

- Camada externa (espuma de poliuretano)

Freqüência de troca:Com saturação do produto, em média no 5º a 6º dia;

Disponível no mercado e apresentações:

-Ultec Pro – 4x4


  • ALGINATO DE CÁLCIO COM HIDROPOLÍMERO

Indicação: Feridas limpas, em fase de granulação, com média e pequena quantidade de exsudato.

Freqüência de troca:Em média 48 horas

Disponível no mercado e apresentações:

- Polymem Rosa sem adesivo: 7x7 9x9 8x8 10x10 13x13 17x19 10x32 10x61

- Polymem Rosa com adesivo: 2,5x2,5 5x5 5x8 10x13 9x9 15x15 5x26 10x32 2,5x2,5 5x5 5x8 10x13 9x9 15x15 5x26 10x32

- Polymem Rosa hipoalérgico adesivo: 2,5x2,5 5x5 5x8 10x13 9x9 15x15

- Polymem Prata sem adesivo: 10,8x10,8 17x19 10,8x32

- Polymem Prata Adesivo hipoalérgico: 9x9

- Polymem Wic – preenchedor de cavidade: 8x8 8x30

- Polymem Wic – preenchedor cavidade prata: 8x8 1x35


  • ALGINATO DE CÁLCIO E PRATA


  • ÁLGINATO DE CÁLCIO E ZINCO


  • CARVÃO ATIVADO


  • CARVÃO ATIVADO E PRATA


  • COLAGENASE


  • COLÁGENO E ALGINATO


  • FILME TRANSPARENTE


  • GAZE NÃO ADERENTE


  • HIDROCOLÓIDE


  • HIDROCOLÓIDE E ALGINATO DE CÁLCIO


  • HIDROFIBRA


  • HIDROGEL


  • METRONIDAZOL TÓPICO

Atualmente o metronidazol tópico é recomendado em feridas oncológicas com a finalidade de controle do odor fétido de lesões neoplásicas ulceradas, pois seu mecanismo de ação ocorre sobre as bactérias anaeróbicas responsáveis pela produção de ácidos voláteis, causadores do odor, sem as reações adversas do uso oral.

Há poucas pesquisas sobre o emprego do metronidazol tópico em feridas benignas em cicatrização por segunda intenção, apesar de ser medicação de baixo custo, de manuseio simples e de fácil acesso à população em geral, podendo devolver ao paciente a independência no seu autocuidado.

O metronidazol, solução a 4%, na dose de 50mg/kg/dia, aplicado de forma tópica nas feridas com cicatrização por segunda intenção, facilita a epitelização periférica precoce, não interfere na contração da ferida e atrasa o aparecimento dos miofibroblastos.

Referência

BMJ Best Practice. Insuficiência venosa crônica. Disponível em: http://brasil.bestpractice.bmj.com/best-practice/monograph/507/highlights/summary.html . Acessado em: 7/10/2014

Site Feridólogo: http://www.feridologo.com.br/

Apostila sobre curativos – Maria Genilde das Chagas Araújo Campos (2012) Disponível em: http://xa.yimg.com/kq/groups/25027304/2009970216/name/CARTILHA+PSF%5B1%5D+PDF.pdf

Anais Brasileiro de Dermatologia 2009 – Aspectos celulares da cicatrização – Ricardo José Mendonça, Joaquim Coutinho Netto. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0365-05962009000300007&script=sci_arttext

Rev. da SPDV 69 (3) 2011. Educação médica continuada – Cicatrização de feridas. André Laureano, Ana Maria Rodrigues. Disponível em: http://revista.spdv.com.pt/index.php/spdv/article/viewFile/71/91

BORGES, Eline L.; SAAR, Sandra R. C.; LIMA, Vera L. A. N; GOMES, Flávia S.L.; MAGALHÃES, Miryn B. B. Feridas: como tratar. Belo Horizonte: Coopmed, 2008. Disponível em: http://www.unilestemg.br/enfermagemintegrada/artigo/v4_2/06-ANALISE-DA-TECNICA-DO-CURATIVO-NO-TRATAMENTO-DE-FERIDAS-EM-UNIDADES-DE-ATENCAO-PRIMARIA-A-SAUDE-NO-MUNICIPIO-DE-CORONEL-FABRICIANO-MG(FONTES;GAMA).pdf

Propedêutica do Processo de cuidar na Saúde do Adulto – Fisiologia da Cicatrização – Prof Daniele Domingues. Disponível em: http://adm.online.unip.br/img_ead_dp/37734.PDF

Rev. Médica (São Paulo) 20101 julho-dezembro. Processo de Cura das Feridas: Cicatrização Fisiológica. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/46294/49950

Rev. Brasileira de Cirurgia Plástica: Sistematização de curativos para o tratamento clínico das feridas. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbcp/v27n4/26.pdf http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1983-51752012000400026&script=sci_arttext

Dissertação de Mestrado- UFRS – Curativos para tratamento de deiscência de feridas operatórias abdominais: uma revisão sistemática. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/37232/000821097.pdf?...1

Caderno de enfermagem em ortopedia: Curativos orientações básicas. Ministerio da saúde, maio 2006. Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/38100663/CADERNO-DE-ENFERMAGEM-EM-ORTOPEDIA-CURATIVOS-E-ORIENTACOES-BASICAS

Site Convatec. Disponível em: http://www.convatec.com.br/887ae330-e445-412e-8e53-46c84b1b4686.aspx

Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões - Feridas cutâneas: a escolha do curativo adequado. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-69912008000300013&script=sci_arttext

Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões - Avaliação do uso tópico do metronidazol no processo de cicatrização de feridas: um estudo experimental. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-69912010000500009