Cirurgia Fetal/Ablação a Laser de Vasos Placentários

De InfoSUS
Ir para: navegação, pesquisa

Síndrome da transfusão feto-fetal (TTTS)

A síndrome da transfusão feto-fetal ou entre gêmeos – do inglês, twin-to-twin transfusion syndrome (TTTS) –, ocorre em 10% a 20% das gestações gemelares idênticas e com placenta única (monocoriônicas). Em geral, a Síndrome de Transfusão Feto Fetal manifesta-se no segundo trimestre da gestação, entre as 15° e 26° semanas de gravidez.

Caracteriza-se pelo desbalanço da repartição do fluxo sanguíneo placentário entre os dois fetos, resultando em hipervolemia no gêmeo receptor, que sofre com falência cardíaca e polidrâmnios, enquanto o gêmeo doador tem crescimento retardado e oligohidrâmnios. A suspeita de TTTS é levantada a partir do aumento do volume uterino desproporcionalmente à idade gestacional, com discordância de tamanho entre os gêmeos, comprovada por ultrassonografia.

Se o problema não for corrigido, a letalidade pode chegar a 90%. Os sobreviventes frequentemente têm lesões neurológicas assemelhadas às da paralisia cerebral, devido à falha da oxigenação cerebral.

Tratamento da Síndrome da transfusão feto-fetal (TTTS)

O procedimento mais comum para tratar a TTTS é a retirada de líquido amniótico (amniorredução) do gêmeo receptor. Esse procedimento melhora também a circulação do gêmeo doador, especialmente se a anastomose placentária que gerou o problema é superficial, e se o quadro for inicial. O acompanhamento da gestação inclui o monitoramento do crescimento dos gêmeos e a repetição do procedimento de retirada de líquido amniótico sempre que houver necessidade. O melhor momento para indução do trabalho de parto na TTTS depende de múltiplos fatores. O ideal seria o parto a termo; no entanto, a evidência de falta de crescimento fetal pode demandar a indução de parto prematuro.

O procedimento fetoscópico de ablação a laser dos vasos coriônicos é de alta complexidade e realizado em poucos centros ao redor do mundo. É indicado principalmente nos casos mais severos que não responderam à amniorredução. A taxa de sobrevivência dos gêmeos submetidos a essa técnica em centros de excelência pode chegar a 75% ou a 85% de sobrevivência de pelo menos um dos gêmeos que, na maioria das vezes, é o gêmeo receptor. A intervenção cirúrgica intrauterina é feita com o auxílio do laser, usado para a cauterização dos vasos anômalos e interrupção da circulação anormal entre os fetos. Em casos de STFF grave, quando o tratamento não é realizado, há óbito de pelo menos um feto em 95% dos casos. Com o tratamento de ablação com laser dos vasos placentários por via endoscópica, a sobrevida de pelo menos um dos gêmeos é de 80%.

Procedimento no SUS:

O procedimento de ablação a laser dos vasos coriônicos não encontra-se na Tabela do SIGTAP, portanto, não é padronizado no SUS, porém, é realizado em alguns centros hospitalares no Brasil, através do SUS, como o Instituto Nacional de Saúde Fernandes Figueira, o Hospital Universitário de Brasília, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. No Estado não há prestador para realização do procedimento pelo SUS.