Cirurgia Fetal/Mielomeningocele

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Mielomeningocele[editar]

A mielomeningocele, mais conhecida por espinha bífida ou apenas mielo, é o resultado de um defeito no fechamento das estruturas que protegem a coluna vertebral por volta da sétima semana de gestação e causa comprometimentos diversos. Quando esse defeito no fechamento das estruturas na coluna ocorre, a medula fica exposta ao líquido amniótico, lesionando os nervos da coluna.

A mielo pode ocorrer tanto por fatores genéticos quanto ambientais. A ocorrência é de um a cada 1.000 nascidos no Brasil. A prevenção se dá principalmente pela ingestão de ácido fólico (vitamina B9) antes e durante a gravidez. O ácido fólico tem um papel fundamental no processo de multiplicação celular, sendo, portanto, imprescindível durante a gravidez. O uso de determinados medicamentos durante a gestação também pode provocar a malformação.

O resultado são comprometimentos motores e neurológicos diversos. Por exemplo, a habilidade do bebê de caminhar e de conter urina e fezes fica comprometida. Quanto mais alta for a lesão na coluna vertebral, maiores são as chances de a criança precisar andar com auxílio de muletas ou cadeira de rodas. Deformidades ortopédicas também ocorrem em quase todos os casos.

A malformação de Chiari II é uma das consequências presentes em quase todas as crianças com mielo. Ela caracteriza-se pelo deslocamento das estruturas da fossa posterior para o interior do canal espinhal cervical. Apesar disso, muitas vezes não causam sintomas. Quando ocorrem, podem ser dificuldades de engolir alimentos e problemas respiratórios em lactentes. Já crianças mais velhas podem ter dor de cabeça, dor cervical e fraqueza. Estes sintomas geralmente não precisam ser tratados cirurgicamente.

Além disso, a maioria dos pacientes com mielomeningocele tem hidrocefalia associada. A hidrocefalia é definida por um acúmulo de LCR (líquido cefalorraquidiano) nos ventrículos cerebrais. Esse acúmulo provoca um aumento do perímetro cefálico e pode gerar aumento da pressão intracraniana.

Diagnóstico[editar]

O diagnóstico pré-natal da mielo é feito por meio de exames de ultrassonografia ou métodos laboratoriais. Defeitos espinhais podem ser observados a partir da 16ª e 17ª semanas de gestação, quando a coluna vertebral fetal já se encontra suficientemente ossificada.

Os métodos laboratoriais incluem a dosagem de alfafetoproteína no sangue materno e no líquido amniótico e da acetilcolinesterase no líquido amniótico.

O tratamento[editar]

O tratamento da mielomeningocele geralmente é iniciado nas primeiras 48 horas após o nascimento com uma cirurgia para corrigir a alteração na coluna e evitar o surgimento de infecções ou novas lesões na medula, limitando o tipo de sequelas.

Embora o tratamento para mielomeningocele com cirurgia seja eficaz para curar a lesão na coluna do bebê, não é capaz de tratar as sequelas que o bebê apresenta desde o nascimento. Isto é, caso o bebê tenha nascido com paralisia ou incontinência, por exemplo, não irá ficar curado, mas evitará o surgimento de novas sequelas que poderiam surgir por exposição da medula.

A cirurgia pós natal para a correção da mielomeningocele é padronizada no SUS.

Cirurgia Fetal Intrauterina para Correção de Mielomenigocele[editar]

A cirurgia fetal intrauterina para correção de meningomielocele é considerada uma opção para casos selecionados, onde os benefícios superam os riscos. Geralmente, é indicada quando há evidências de comprometimento neurológico significativo no feto ou quando a malformação é detectada precocemente durante exames de ultrassom.

Os benefícios potenciais desse tipo de cirurgia incluem a reduçãodas complicações neurológicas associadas à meningomielocele, como paralisia e disfunção da bexiga e intestino. Além disso, estudos mostraram que a cirurgia fetal intrauterina pode melhorar a função motora e cognitiva em algumas crianças afetadas.

No entanto, a cirurgia fetal intrauterina para correção de meningomielocele também apresenta riscos significativos. O procedimento é complexo e requer uma equipe médica altamente especializada. Além disso, há riscos associados à prematuridade, ruptura prematura da membrana amniótica e complicações maternas.

A cirurgia fetal intrauterina para correção de meningomielocele é realizada durante a gestação, geralmente entre as semanas 19 e 26, quando o feto ainda está em desenvolvimento (Rintoulet al., 2020). O procedimento envolve a abertura do útero da mãe e a exposição do feto. Os cirurgiões trabalham cuidadosamente para fechar aabertura na coluna vertebral do feto e reposicionar as meninges e a medula espinhal. No entanto, um estudo de coorte completo demonstrou que a cirurgia pré-natal está associada a um risco elevado para a idade gestacional mais precoce ao nascimento, visto que os partos ocorreram antes das 30 semanas de gestação em aproximadamente 11% dos neonatos que perpassaram pelo reparo fetal.

A cirurgia fetal intrauterina para correção de meningomielocele não é uma opção viável para todos os casos. Nem todos os fetos com meningomielocele são candidatos adequados para o procedimento. Além disso, mesmo com a cirurgia, as crianças afetadas pela condição podem enfrentar desafios ao longo da vida, como problemas neurológicos e físicos.

A Cirurgia Fetal de Mielomeningocele pelo Sistema Único de Saúde – SUS  ainda não está padronizada e não consta na Tabela do SIGTAP, no entanto, o procedimento de cirurgia de correção intrauterina de mielomeningocele é realizado pelo SUS, através de uma parceria entre a Maternidade Escola da UFRJ (hospital escola) e o Instituto Estadual Do Cérebro Paulo Niemeyer pela equipe do Dr. Jair Braga da Universidade Federal do Rio de Janeiro.


Referência Bibliográfica

NOGUEIRA, MP; COSTA, LL Cirurgia fetal intrauterina para correção de meningomielocele. Revista Brasileira de Revisão de Saúde , [S. l.] , v. 1, pág. 395–406, 2024. DOI: 10.34119/bjhrv7n1-029.