Reabilitação Neurológica

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CONCEITUAÇÃO.[editar]

A Reabilitação neurológica diz respeito ao conjunto de técnicas utilizadas para promover recuperação de deficiências secundárias a acometimentos neuronais. Diversas técnicas podem ser utilizadas, dirigidas para as principais desabilidades dos pacientes, viando recuperar aspectos cognitivos, motoras, emocionais, de comunicação, etc. Idealmente deve contar com uma equipe multidisciplinar (médico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo, enfermeiro, etc.) Para tal, deve se dispor um ambiente que motive o indivíduo a envolver-se nas atividades propostas, com os profissionais capazes de lidar com pacientes e familiares, que, embasadas cientificamente, possam adequar as técnicas às peculiaridade de cada paciente. Assim, busca-se capacitar o paciente para funções essenciais para a melhorar sua qualidade de vida, apesar das fisiológicas ocasionadas por doença, tais como recuperar uma função perdida, mas não significa necessariamente a eliminação de uma sequela. Todas as sequelas recentes ou tardias, decorrentes de lesões ou disfunções do sistema nervoso, especialmente o central, são passiveis de serem submetidas à reabilitação através de métodos e técnicas variáveis, em qualquer idade. E, todas as terapêuticas atuantes nas sequelas, têm limitações. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, enquanto condições neurológicas e psiquiátricas são responsáveis por 1,4% de todas as causas de mortalidade e 1,1% dos anos de vida perdidos, estas condições respondem por 28% de todos os anos vividos com quaisquer tipos de incapacidades. No Brasil, estima-se que entre 10% e 20% da população atual seja portadora de algum grau de incapacidade física ou intelectual. A principal causa de desabilidades são os acidentes vasculares cerebrais (AVCs) - nos Brasil tem uma incidência anual de 108 para cada 100 mil habitantes, e também é responsável por um número considerável de internações no país, no qual apresenta um alto custo para o governo.


FUNDAMENTAÇÃO E COMENTÁRIOS SOBRE TÉCNICAS ESPECÍFICAS[editar]

A reabilitação neurológica é embasada no conceito de neuroplasticidade, bastante estudada nos últimas decádas. Diz respeito a capacidade do sistema nervoso se reorganizarem funcionalmente após uma injúria ou diante de uma lesão, e pode ser estimulada por diferentes técnicas. A neuroplasticidade neuronal é tão instigante que, muitas vezes, um estímulo específico para auxiliar numa desabilidade pode melhorar outra debilidade - por exemplo, estimulos motoroes podendo auxiliar no desempenho linguístico em síndromes afásicas, e atividades físicas prevenindo e mesmo melhorando quadros demenciais. Mas a reabilitação neurológica não se restringe ao que é aplicado dentro dos serviços. Os profissionais devem auxiliar o paciente e familiares quanto à exposição frequente a estímulos que auxiliam na neuroplasticidade. Os domicílios, locais de trabalho e outros ambientes de uso frequente devem ser adaptados para a melhor utilização dos pacientes, visando ao mesmo tempo independência e estímulo neuronal. Modificações podem envolver ampliação de portas e passagens, instalação de barras de apoio em banheiros e outros ambientes, etc. - a ambientação do paciente é um determinante importante para recuperação dos déficits.

A Fisioterapia Neurofuncional dispõe de métodos e técnicas próprias já consagradas pela comunidade científica, tais como a cinesioterapia clássica (exercícios terapêuticos), eletroterapia, mecanoterapia (barras, halteres, macas, esteiras, barras paralelas, espaldar, bolas, espelhos etc.), termoterapia, bandagens elásticas e terapia manual. Todas estas técnicas, têm como objetivo a recuperação das sequelas neurológicas decorrente de patologias do sistema nervoso central e periférico. Convém destacar, que todos os recursos terapêuticos aplicados possuem resultados comprovados cientificamente através de ampla literatura nacional e internacional, conforme se verifica ao consultar as bases de dados PEdro, BVS, Lilacs, Medline, Pubmed, Scielo, dentre outras e são em sua maioria, já padronizadas no SUS.

Entre os inúmeros métodos de reabilitação física para lesões neurológicas, alguns se tornaram mais famosos e costumam motivar ações judiciais, tais como as técnicas difundidas por seus idealizadores como "Bobath", "Doman-Delacato", "Rood", "Petö", "Temple-Fay", "Voyta", "Phelps", "Knott", etc., cada técnica com alguma variação dentro das suas concepções neurofisiológicas. Existe até mesmo a "Wii Reabilitação" é a denominação que tem sido empregada à utilização do "videogame Nintendo® Wii. Nos últimos anos, se tornou febre o método "PediaSuit" e sua variante "TheraSuit".

Assim, verifica-se que constantemente surgem novos métodos, podendo ser batizados com o nome do criador, ou com marca registrada pela empresa patenteadora. Em parecer específico do conselheiro do CRM/PR, Dr. Ehrenfried Othmar Wittig, a respeito de técnicas específicas, conclui que "nenhum método é curativo, tem um grau de resolução variável, especialmente, com a intensidade e localização da lesão e, basicamente, sempre a longo prazo. Não existem métodos mágicos ou milagrosos".

Alguns métodos foram detalhados em outras secções do CEOS. Para maiores informações, vide edição sobre Fisioterapia (http://ceos.saude.sc.gov.br/index.php/Fisioterapia); Método Bobath (http://ceos.saude.sc.gov.br/index.php/M%C3%A9todo_Bobath); Pediasuits (http://ceos.saude.sc.gov.br/index.php/M%C3%A9todo_Pediasuit/Therasuit); Biofeedback (http://ceos.saude.sc.gov.br/index.php/Fisioterapia_Urol%C3%B3gica_%2B_Biofeedback).

Aqui, cumpre ressaltar que não há estudos científicos que apontam superioridade em relação de técnicas novas aos métodos tradicionais de fisioterapia neurológica (fisioterapia neurofuncional, eletroterapia, mecanoterapia, termoterapia, etc.). Ademais, os profissionais fisioterapeutas têm a autonomia para aplicar a técnica que se mostre adequada ao caso do paciente, de acordo com sua formação profissional e experiência.

ESTRUTURAÇÃO DE SERVIÇOS NO SUS[editar]

A Portaria do Ministério da Saúde (MS) no. 793/2012 instituiu, no no âmbito do SUS, a rede de cuidados à pessoa com deficiência, sendo financiamento definido pela Portaria MS no. 835/2012.

O setor de NEUROREABILITAÇÃO ADULTO (NRA-CCR) é parte integrante do CCR, órgão de administração direta do governo do Estado de Santa Catarina, atualmente credenciado como CER II (Centro Especializado em Reabilitação II), por incluir duas modalidades de deficiência. No estado de Santa Catarina existem 5 CER-II conforme apresentado na tabela abaixo. Cada CER-II possui uma lista de cidades com pactuação específica. Caso o paciente seja encaminhado a partir de uma cidade sem pactuação com alguma CER-II, deve ser encaminhado para o CER-II de Florianópolis.

Florianópolis

Centro Especializado em Reabilitação – CER II – Física e Intelectual: Macrorregião da Grande Florianópolis – Centro Catarinense de Reabilitação (CCR) Endereço: R. Rui Barbosa, 780 – Agronômica – Florianópolis - SC CEP: 88025-301

(48) 3221-9202/9200
ccr@saude.sc.gov.br 

Referência para atendimento: Macro Região da Grande Florianópolis Águas Mornas, Alfredo Wagner, Angelina, Anitápolis, Antônio Carlos, Biguaçu, Canelinha, Florianópolis, Garopaba, Governador Celso Ramos, Leoberto Leal, Major Gercino, Nova Trento, Palhoça, Paulo Lopes, Rancho Queimado, Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio, São João Batista, São José, São Pedro de Alcântara e Tijucas.

Criciúma

Centro Especializado em Reabilitação – CER II – Física e Intelectual: Regiões de Saúde Carbonífera e Extremo Sul – UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense Endereço: Av. Universitária, 1.105 - Bairro Universitário - Criciúma – SC CEP 88.806-000 Cx. Postal 3167

(48) 3431.2537 
cer@unesc.net 

Referência para atendimento: Regiões de Saúde Carbonífera e Extremo Sul Balneário Rincão, Cocal do Sul, Criciúma, Forquilhinha, Içara, Lauro Muller, Morro da Fumaça, Nova Veneza, Orleans, Siderópolis, Treviso e Urussanga. Araranguá, Balneário Arroio do Silva, Balneário Gaivota, Ermo, Jacinto Machado, Maracajá, Meleiro, Morro Grande, Passo de Torres, Praia Grande, Santa Rosa do Sul, São João do Sul, Sombrio, Timbé do Sul e Turvo.

Itajaí

Centro Especializado em Reabilitação – CER II – Física e Intelectual: Macrorregião da Foz do Itajaí – UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí Endereço: R. Uruguai, 459, Setor F5 – Centro – Itajaí – SC CEP 88302-203

(47) 3341-7743 / 3341-7655
fisioterapia.ccs@univali.br

Referência para atendimento: Macro Região Foz do Itajaí Balneário Camboriú, Balneário Piçarras, Bombinhas, Camboriú, Ilhota, Itajaí, Itapema, Luis Alves, Navegantes, Penha e Porto Belo.

Lages Centro Especializado em Reabilitação – CER II – Física e Intelectual: Macrorregião da Serra Catarinense – UNIPLAC Endereço: Av. Castelo Branco, 140 – Bairro Universitário – Lages – SC CEP: 88509-900

(49) 3251-1165
projeto_cer@uniplaclages.edu.br

Referência para atendimento: Macro Região da Serra Catarinense Anita Garibaldi, Bocaina do Sul, Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Campo Belo do Sul, Capão Alto, Cerro Negro, Correia Pinto, Lages, Otacílio Costa, Painel, Palmeira, Ponte Alta, Rio Rufino, São Joaquim, São José do Cerrito, Urubici e Urupema.

Blumenau Centro Especializado em Reabilitação – CER II – Física e Intelectual: Região de Saúde do Médio Vale do Itajaí – FURB Endereço: R. Samuel Morse, 768 – Fortaleza Alta – Blumenau - SC

(47) 3702-6555
cer@furb.br

Referência para atendimento: Região de Saúde do Médio Vale do Itajaí Apiúna, Ascurra, Benedito Novo, Blumenau, Botuverá, Brusque, Doutor Pedrinho, Gaspar, Guabiruba, Indaial, Pomerode, Rio dos Cedros, Rodeio e Timbó.


CONSIDERAÇÕES FINAIS[editar]

A família deve ser envolvida no processo de Reabilitação Neurológica - quanto menor for o nível de independência funcional do paciente, maior será a importância de um círculo familiar que tenha condições de aceitar sua reintegração. A reabilitação envolve justamente o conceito básico de desinstitucionalização do indivíduo - ou seja, torná-lo mais independente de inclusive de serviços de saúde. Enquanto reduz a dependência de terceiros e melhora a qualidade de vida dos pacientes, a Reabilitação Neurológica contribui para a prevenção de complicações, tanto da doença de base como de outras doenças, demonstrando que o investimento neste serviço é interessante tanto sob o ponto de vista do desenvolvimento de uma civilização quanto sob o ponto de vista financeiro. Para tanto, existem dispositivos disponíveis no SUS, e estruturados no Estado de Santa Catarina.


REFERÊNCIAS[editar]

PORTARIA MS/GM no. 793, de 24/04/2012 - Institui a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no âmbito do Sistema Único de Saúde

PORTARIA MS/GM no. 835, de 25/04/2012 - Institui incentivos financeiros de investimento e de custeio para o Componente Atenção Especializada da Rede de Cuidadosà Pessoa com Deficiência no âmbito do Sistema Único de Saúde.

SES/SC. PROTOCOLOS DE ACESSO E REGULÇÃO DA REGULÇÃO ESTADUA AMBULATORIAL. CONSULTA EM REABILITAÇÃO NEUROLÓGICA. REABILITAÇÃO OPMAL INGRESSO. Florianópolis, 2018.

Botelho, TS; Machado Neto, CD; Araújo FLC; Assis SC. Epidemiologia do acidente vascular cerebral no Brasil. Temas em Saúde Vol 16, n. 2. João Pessoa, 2016. ISSN 2447-2131

Rodrigues, Fabiana Passos. "O impacto da bola suiça na reabilitação neurológica: revisão sistemática da bibliografia." Revista Científica UMC 4.3 (2019).

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Soares, Monalise Dantas, et al. "Wii reabilitação e fisioterapia neurológica: uma revisão sistemática." Revista neurociências 23.1 (2015): 81-88.

Rodrigues, Cátia Marisa Pereira. "Reabilitação neurológica: enquadramento histórico, abordagens metodológicas e técnicas de reabilitação neuropsicológica." (2013).

Wittig, Ehrenfried Othmar. REABILITAÇÃO NEUROLÓGICA/PEDIASUIT/THERATOGS. Parecer CRM-PR n.º 02/2013 Sessão Plenária n.º 3266, de 20/05/2013 – CÂM II. Curitiba, 2013.