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(MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS)
 
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Derivada do latim, "estar fora de si", foi descrito por Hipócrates por volta de 460-366 a.C. <ref> [WACKER, Priscilla; NUNES, Paula V. and FORLENZA, Orestes V.. Delirium: uma perspectiva histórica. Rev. psiquiatr. clín. [online]. 2005, vol.32, n.3 [cited 2011-06-29], pp. 97-103 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832005000300001&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0101-6083. doi: 10.1590/S0101-60832005000300001.] </ref>. O delirium, estado de confusão mental ou síndrome orgânico cerebral aguda é uma síndrome orgânica caracterizada por alterações repentinas nas funções mentais, tais como na atenção, consciência e cognição. Portanto, dentre as distinções elementares para com os transtornos mentais gerais (não orgânicos) está no modo de início rápido, de alguma horas até poucos dias, e as alterações no nível de consciência, geralmente o paciente em delirium apresenta oscilando entre estupor, sonolência e agitação, e muitas vezes de modo contrário ao ciclo de sono vigília normal.  
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Derivada do latim, "estar fora de si", foi descrito por Hipócrates por volta de 460-366 a.C. <ref> [WACKER, Priscilla; NUNES, Paula V. and FORLENZA, Orestes V.. Delirium: uma perspectiva histórica. Rev. psiquiatr. clín. [online]. 2005, vol.32, n.3, pp. 97-103 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832005000300001&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0101-6083. doi: 10.1590/S0101-60832005000300001.] </ref>. O delirium, estado de confusão mental ou síndrome orgânico cerebral aguda é uma síndrome orgânica caracterizada por alterações repentinas nas funções mentais, tais como na atenção, consciência e cognição. Portanto, dentre as distinções elementares para com os transtornos mentais gerais (não orgânicos) está no modo de início rápido, de alguma horas até poucos dias, e as alterações no nível de consciência, geralmente o paciente em delirium apresenta oscilando entre estupor, sonolência e agitação, e muitas vezes de modo contrário ao ciclo de sono vigília normal.  
 
Importante não confundir com o termo "delírio", que é uma manifestação psicopatológica de distúrbio do pensamento, caracterizado por crenças irredutíveis apesar de evidências contrárias.
 
Importante não confundir com o termo "delírio", que é uma manifestação psicopatológica de distúrbio do pensamento, caracterizado por crenças irredutíveis apesar de evidências contrárias.
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O delirium é causado pelo comprometimento transitório da atividade cerebral por uma doença grave com perda da homeostase (equilíbrio necessário para o bom funcionamento do organismo) do cérebro e da desorganização da atividade neural.[2] A própria internação hospitalária predispõe ao estado confusional. [3]
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O delirium é causado pelo comprometimento transitório da atividade cerebral, este decorrente de uma doença clínica de maior gravidade, no qual há perda da homeostase cerebral. Ou seja, fisiopatologia pode ser resumida no conceito de "neurotoxicidade", quando o desequilíbrio no bom funcionamento do organismo resulta na desorganização da atividade neural, mais provavelmente relacionada a um distúrbio na neurotransmissão colinérgica.
 
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Indivíduos com certas condições clínicas e demográficas estão predispostas ao delirium, tais como: idade avançada; comprometimento cognitivo ou demência; doenças crônicas (especialmente insuficiência cardíaca, câncer e diabetes); infecção grave (como pneumonia ou infecção urinária); desnutrição ou desidratação; alterações no equilíbrio metabólico (distúrbios renais, provocados por diuréticos); pacientes pós-cirúrgicos; intoxicação ou abstinência de droga; acidente vascular cerebral; transtornos mentais.  
Em pessoas predispostas pode ser desencadeado por:[4]
 
 
 
Infecção grave (como pneumonia ou infecção urinária);
 
Desnutrição ou desidratação;
 
Alterações no equilíbrio metabólico;
 
Efeito colateral de medicamentos;
 
Pós-cirúrgico;
 
Intoxicação ou abstinência de droga;
 
Acidente vascular cerebral.
 
Quando é associado ao alcoolismo é chamado de delirium tremens.
 
 
 
Fatores de risco
 
Os fatores predisponentes mais importantes são[5][6]:
 
 
 
Idade maior a 65 anos
 
Sexo masculino
 
Comprometimento cognitivo ou demência
 
Doenças crônicas (como insuficiência cardíaca, câncer ou diabetes)
 
Transtorno psiquiátrico (especialmente insônia e depressão)
 
Insuficiência sensorial (visão ou audição)
 
Dependência funcional (requerer assistência para autocuidado ou mobilidade)
 
Desidratação / desnutrição
 
Drogas e dependência de drogas
 
Dependência de álcool
 
 
 
Sinais e sintomas
 
Os principais sintomas são[1]:
 
 
 
Alterações da consciência e da atenção;
 
Déficits cognitivos específicos (desorientação temporoespacial, comprometimento da memória, do pensamento e do juízo);
 
Alterações da sensopercepção (distorções ou ilusões visuais, auditivas etc.);
 
Perturbações da psicomotricidade (letargia, movimentos desorganizados);
 
Distúrbios do comportamento e do humor (apatia, irritabilidade, ansiedade ou euforia);
 
Inversão do ciclo de sono-vigília (sonolência de dia, insônia à noite).
 
É comum que a pessoa com delirium tenha uma fala desconexa ou pouco coerente, gemidos de dor e pouca lucidez. Em um delirium mais longo é comum ocorrerem variações na intensidade dos sintomas e períodos de maior e menor lucidez.[7]
 
 
 
revalência
 
 
 
Delirium é um sintoma comum de uma variedade de anormalidades neuroquímicas, sendo muito mais comum em idosos, em viciados em drogas e em portadores de doenças neurológicas ou infecciosas.[9]
 
Estima-se que nas práticas clínica e cirúrgica, o diagnóstico correto de delirium só é feito em cerca de 30% a 50% dos pacientes, portanto é difícil avaliar a real prevalência do delirium.[10]
 
 
 
Dentre os idosos admitidos em serviços de emergência, estima-se que cerca de 25% a 60% apresentem delirium em algum momento. Sendo assim, trata-se de um dos sintomas mais comuns em idosos hospitalizados.[11]
 
 
 
Está associado à maior taxa de morbimortalidade, mais sinais de deterioração física, mais complicações pós-cirúrgicas, maiores taxas de admissão em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), maior tempo de permanência hospitalar e maiores índices de institucionalização após a alta.[12]
 
 
 
Em um estudo com 325 idosos na UTI de um hospital, 44% dos que tiveram delirium eventualmente foram re-institucionalizados, 10% dos que tiveram sintomas de delirium e nenhum entre os que não apresentaram sintomas.[13]
 
 
 
Portanto, esse diagnóstico não deveria ser subestimado. Trata-se de um importante preditor de complicações, fundamental para formular um prognóstico adequado.[1]
 
 
 
 
 
Delirium
 
  
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Ver histórico
 
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 
Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Delirium (desambiguação).
 
Delirium
 
  
Homem com delirium por infecção severa da meninge.
 
Especialidade psiquiatria, neurologia, psicologia
 
Classificação e recursos externos
 
CID-10 F05
 
CID-9 293.0
 
CID-11 897917531
 
DiseasesDB 29284
 
MedlinePlus 000740
 
eMedicine med/3006
 
MeSH D003693
 
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Delirium, estado de confusão mental ou síndrome orgânico cerebral aguda (delirium é latim para "estar fora de si") é uma síndrome orgânica caracterizada por um rápido deterioro na atenção, consciência e cognição. O início é rápido variando de algumas horas até poucos dias. Geralmente o paciente em delirium apresenta sonolência diurna e agitação noturna, causando prejuízos a seu ciclo de sono e vigília. Foi descrito por Hipócrates por volta de 460-366 a.C., sendo um dos primeiros transtornos neurológicos conhecidos.[1]
 
  
Não confundir com delírio, um transtorno psicótico crônico, caracterizado por crenças irredutíveis apesar de evidências contrárias.
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== MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ==
  
Causas
 
O delirium é causado pelo comprometimento transitório da atividade cerebral por uma doença grave com perda da homeostase (equilíbrio necessário para o bom funcionamento do organismo) do cérebro e da desorganização da atividade neural.[2] A própria internação hospitalária predispõe ao estado confusional. [3]
 
  
Em pessoas predispostas pode ser desencadeado por:[4]
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Na CID-10 o delirium é codificado ao CID-10 F05, e são os critérios diagnósticos:<ref>[CLASSIFICAÇÃO DE TRANSTORNOS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO DA CID-10: DESCRIÇÕES CLÍNICAS E DIRETRIZES DIAGNÓSTICAS, Coord. Organiz. Mund. da Saúde, Artes Médicas, Porto Alegre, 1993]</ref>
  
Infecção grave (como pneumonia ou infecção urinária);
+
1. Comprometimento da consciência e atenção (em continuum de obnubilação ao coma; capacidade reduzida para dirigir, focar, sustentar e mudar a atenção).
Desnutrição ou desidratação;
 
Alterações no equilíbrio metabólico;
 
Efeito colateral de medicamentos;
 
Pós-cirúrgico;
 
Intoxicação ou abstinência de droga;
 
Acidente vascular cerebral.
 
Quando é associado ao alcoolismo é chamado de delirium tremens.
 
  
Fatores de risco
+
2. Perturbação global da cognição (distorções perceptivas, ilusões e alucinações mais freqüentemente visuais; comprometimento do pensamento abstrato e compreensão, com ou sem delírios transitórios, mas tipicamente com algum grau de incoerência, comprometimento das memórias imediata e recente, mas com a memória remota relativamente intacta; desorientação temporal, assim como, em casos mais graves, espacial e pessoal);
Os fatores predisponentes mais importantes são[5][6]:
 
  
Idade maior a 65 anos
+
3. Perturbações psicomotoras (hipo ou hiperatividade e mudanças imprevisíveis de uma para outra; tempo de reação aumentado; aumento ou diminuição do fluxo da fala; intensificação da reação de susto);
Sexo masculino
 
Comprometimento cognitivo ou demência
 
Doenças crônicas (como insuficiência cardíaca, câncer ou diabetes)
 
Transtorno psiquiátrico (especialmente insônia e depressão)
 
Insuficiência sensorial (visão ou audição)
 
Dependência funcional (requerer assistência para autocuidado ou mobilidade)
 
Desidratação / desnutrição
 
Drogas e dependência de drogas
 
Dependência de álcool
 
Sinais e sintomas
 
Os principais sintomas são[1]:
 
  
Alterações da consciência e da atenção;
+
4. Perturbação do ciclo sono-vigília (insônia ou, em casos graves, perda total do sono ou reversão do ciclo sono-vigília; sonolência diurna; piora noturna dos sintomas; sonhos perturbadores ou pesadelos, os quais podem continuar como alucinação após o despertar);
Déficits cognitivos específicos (desorientação temporoespacial, comprometimento da memória, do pensamento e do juízo);
 
Alterações da sensopercepção (distorções ou ilusões visuais, auditivas etc.);
 
Perturbações da psicomotricidade (letargia, movimentos desorganizados);
 
Distúrbios do comportamento e do humor (apatia, irritabilidade, ansiedade ou euforia);
 
Inversão do ciclo de sono-vigília (sonolência de dia, insônia à noite).
 
É comum que a pessoa com delirium tenha uma fala desconexa ou pouco coerente, gemidos de dor e pouca lucidez. Em um delirium mais longo é comum ocorrerem variações na intensidade dos sintomas e períodos de maior e menor lucidez.[7]
 
  
Tipos
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5. Perturbações emocionais, por exemplo depressão, ansiedade ou medo, irritabilidade, euforia, apatia ou perplexidade abismada.
De acordo com os sintomas pode ser classificado como[8]:
 
  
Delirium hiperativo: Facilmente reconhecido, é caracterizado por inquietude, ansiedade, mudanças rápidas de humor, alucinações e recusa em cooperar com os cuidados.
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6. O início é usualmente rápido, o curso flutuante ao correr do dia e a duração total da condição menor que seis meses. O quadro clínico é tão característico que o diagnóstico pode ser feito mesmo que a causa subjacente não esteja completamente esclarecida.
Delirium hipoativo: Com atividade motora reduzida, lentidão e sonolência. Parece estar atordoado.
 
Delirium misto: Alternando entre o estado hiperativo e hipoativo.
 
Prevalência
 
  
Delirium é um sintoma comum de uma variedade de anormalidades neuroquímicas, sendo muito mais comum em idosos, em viciados em drogas e em portadores de doenças neurológicas ou infecciosas.[9]
 
Estima-se que nas práticas clínica e cirúrgica, o diagnóstico correto de delirium só é feito em cerca de 30% a 50% dos pacientes, portanto é difícil avaliar a real prevalência do delirium.[10]
 
  
Dentre os idosos admitidos em serviços de emergência, estima-se que cerca de 25% a 60% apresentem delirium em algum momento. Sendo assim, trata-se de um dos sintomas mais comuns em idosos hospitalizados.[11]
+
O médico inexperiente ao avaliar o paciente com delirium pode precipitadamente atribuir a um transtorno psicótico, mas o quadro é bastante diferente, assim como o tratamento. Embora muitas psicoses podem ocorrer de forma abrupta, em geral o paciente dá sinais de alterações comportamentais prévias. Também não existe tanta desorganização nas psicoses não orgânicas como existe no delirium. Também no delirium é muito comum a "síndrome crepuscular", com o paciente tornando-se mais agitado e desorganizado ao anoitecer. E, mais importante, o médico deve se atentar para os sinais clínicos que são indicativos de delirium.
  
Está associado à maior taxa de morbimortalidade, mais sinais de deterioração física, mais complicações pós-cirúrgicas, maiores taxas de admissão em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), maior tempo de permanência hospitalar e maiores índices de institucionalização após a alta.[12]
+
== DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO ==
  
Em um estudo com 325 idosos na UTI de um hospital, 44% dos que tiveram delirium eventualmente foram re-institucionalizados, 10% dos que tiveram sintomas de delirium e nenhum entre os que não apresentaram sintomas.[13]
 
  
Portanto, esse diagnóstico não deveria ser subestimado. Trata-se de um importante preditor de complicações, fundamental para formular um prognóstico adequado.[1]
+
Sendo o delirium uma síndrome neuropsiquiátrica derivada de um transtorno orgânico, a correção deve ser na doença de base.  
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Portanto, é fundamental identificar a doença de base para então corrigi-la.
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Não obstante, na maioria dos casos é preciso atuar no comportamento com medicações psicotrópicas, onde se deve ter especial atenção para não agravar o delirium.
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Psicotrópicos com efeito anticolinérgico, como a prometazina, e benzodiazepínicos podem agravar e prolongar a síndrome confusional. Benzodiazepínicos são bem indicados apenas são indicados em casos de delirium por abstinência ao álcool ou pelos próprios benzodiazepínicos.
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Em geral, as medicações de primeira linha para controle comportamental são os antipsicóticos de alta potência, mas em doses baixas. O haloperidol continua sendo medicação bastante segura para estes casos, geralmente não precisando passar de doses de 5mg/dia. Antipsicóticos atípicos, como risperidona e olanzapina também podem ser bastante indicados.
  
Diagnóstico
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Alguns casos o maior desafio é identificar a doença de base. Uma das causas mais comuns é a infecção urinária em idosos, que muitas vezes pode não cursar com febre. Distúrbios hidroeletrolíticos também são causas muito comuns, especialmente em usuários de diuréticos, e demandam correção com suporte laboratorial. Na suspeita de evento cérebro-vascular indica-se imagem cerebral.
São critérios diagnósticos para delirium, segundo DSM-IV:[14]
 
  
Perturbação da consciência (isto é, redução da clareza da consciência em relação ao ambiente), com redução da capacidade de direcionar, focalizar, manter ou deslocar a atenção.
 
Uma alteração na cognição (tal como déficit de memória, desorientação, perturbação da linguagem) ou desenvolvimento de perturbação da percepção que não é mais bem explicada por demência preexistente, estabelecida ou em evolução.
 
A perturbação desenvolve-se ao longo de curto período de tempo (em geral de horas a dias), com tendência a flutuações no decorrer do dia.
 
Que existam evidências, a partir da história, exame físico ou achados laboratoriais, de que a perturbação é causada por conseqüências fisiológicas diretas de condição médica geral.
 
Nota para a codificação: se o delirium está associado a uma demência preexistente do tipo Alzheimer ou Demência vascular, deve-se codificar o delirium apenas como subtipo apropriado de demência. Por exemplo: 290.3 demência do tipo Alzheimer, com início tardio e delirium.
 
  
Nota para a codificação: incluir o nome da condição médica geral no eixo I (Transtornos psiquiátricos clínicos), por exemplo 293.0 delirium devido à encefalopatia hepática; codificar também a condição médica geral no eixo III (Condições médicas agudas ou doenças físicas).
 
  
Classificação pelo CID-10
+
== QUESTÕES PRÁTICAS ==
São critérios diagnósticos para delirium, segundo a CID-10:[15]
 
  
Comprometimento da consciência e atenção (em continuum de obnubilação ao coma; capacidade reduzida para dirigir, focar, sustentar e mudar a atenção).
 
Perturbação global da cognição (distorções perceptivas, ilusões e alucinações mais freqüentemente visuais; comprometimento do pensamento abstrato e compreensão, com ou sem delírios transitórios, mas tipicamente com algum grau de incoerência, comprometimento das memórias imediata e recente, mas com a memória remota relativamente intacta; desorientação temporal, assim como, em casos mais graves, espacial e pessoal);
 
Perturbações psicomotoras (hipo ou hiperatividade e mudanças imprevisíveis de uma para outra; tempo de reação aumentado; aumento ou diminuição do fluxo da fala; intensificação da reação de susto);
 
Perturbação do ciclo sono-vigília (insônia ou, em casos graves, perda total do sono ou reversão do ciclo sono-vigília; sonolência diurna; piora noturna dos sintomas; sonhos perturbadores ou pesadelos, os quais podem continuar como alucinação após o despertar);
 
Perturbações emocionais, por exemplo depressão, ansiedade ou medo, irritabilidade, euforia, apatia ou perplexidade abismada.
 
O início é usualmente rápido, o curso flutuante ao correr do dia e a duração total da condição menor que seis meses. O quadro clínico é tão característico que o diagnóstico pode ser feito mesmo que a causa subjacente não esteja completamente esclarecida.
 
Outros nomes pra mesma doença incluem:
 
  
Síndrome cerebral aguda;
+
O delirium é agravo muito comum, especialmente em idosos, toxicômanos e paciente pós-operatórios. O paciente com delirium nas enfermarias cirúrgicas, assim como o ''delirium tremens'' típico da síndrome de abstinência ao álcool podem ser mais facilmente identificadas. No entanto, situações que o diagnóstico não realizado adequadamente pode ocasionar agravamento da doença de base, que potencialmente pode levar ao óbito do paciente.  
Estado confusional agudo (não-alcoólico);
+
Comumente são levados às emergências gerais e emergências psiquiátricas, pacientes com delirium. Emergencista experientes identificam com frequência a cena de familiares levando o idoso que ficou confuso, buscando internação em leito terciário especializado onde não há o devido suporte clinico para o tratamento da doença de base. A equipe da emergência deve estar atenta para esta possibilidade, e muitas vezes deve manter sua posição de encaminhar o paciente para suporte clínico mesmo quando a família é contrária e quer forçar a internação psiquiátrica, pois, em última análise, é o médico quem tem o conhecimento técnico e responderá por um desfecho desfavorável.
Psicose infecciosa aguda;
+
Também não é incomum aparecer casos na esfera judicial, como pedidos de "internação psiquiátrica compulsória". Neste sentido, a Lei 10.216 ao exigir o "laudo circunstanciado", garante que o paciente passe por avaliação médica, quando deverá se verificar qual a situação clínica real do paciente.
Reação orgânica aguda;
 
Síndrome psicorgânica aguda.
 
Tratamento
 
O delirium melhora quando a causa foi tratada. Então se foi causado por uma pneumonia bacteriana, a consciência melhora alguns dias depois do tratamento antibiótico ser iniciado. Se foi causado por insônia, melhora após uma boa noite de sono. Se foi causada por uma internação estressante com muitas medicações geralmente melhora com a alta.
 

Edição atual tal como às 18h30min de 14 de dezembro de 2022

INTRODUÇÃO[editar]

Derivada do latim, "estar fora de si", foi descrito por Hipócrates por volta de 460-366 a.C. <ref> [WACKER, Priscilla; NUNES, Paula V. and FORLENZA, Orestes V.. Delirium: uma perspectiva histórica. Rev. psiquiatr. clín. [online]. 2005, vol.32, n.3, pp. 97-103 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832005000300001&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0101-6083. doi: 10.1590/S0101-60832005000300001.] </ref>. O delirium, estado de confusão mental ou síndrome orgânico cerebral aguda é uma síndrome orgânica caracterizada por alterações repentinas nas funções mentais, tais como na atenção, consciência e cognição. Portanto, dentre as distinções elementares para com os transtornos mentais gerais (não orgânicos) está no modo de início rápido, de alguma horas até poucos dias, e as alterações no nível de consciência, geralmente o paciente em delirium apresenta oscilando entre estupor, sonolência e agitação, e muitas vezes de modo contrário ao ciclo de sono vigília normal. Importante não confundir com o termo "delírio", que é uma manifestação psicopatológica de distúrbio do pensamento, caracterizado por crenças irredutíveis apesar de evidências contrárias.


FISIOPATOLOGIA[editar]

O delirium é causado pelo comprometimento transitório da atividade cerebral, este decorrente de uma doença clínica de maior gravidade, no qual há perda da homeostase cerebral. Ou seja, fisiopatologia pode ser resumida no conceito de "neurotoxicidade", quando o desequilíbrio no bom funcionamento do organismo resulta na desorganização da atividade neural, mais provavelmente relacionada a um distúrbio na neurotransmissão colinérgica. Indivíduos com certas condições clínicas e demográficas estão predispostas ao delirium, tais como: idade avançada; comprometimento cognitivo ou demência; doenças crônicas (especialmente insuficiência cardíaca, câncer e diabetes); infecção grave (como pneumonia ou infecção urinária); desnutrição ou desidratação; alterações no equilíbrio metabólico (distúrbios renais, provocados por diuréticos); pacientes pós-cirúrgicos; intoxicação ou abstinência de droga; acidente vascular cerebral; transtornos mentais.


MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS[editar]

Na CID-10 o delirium é codificado ao CID-10 F05, e são os critérios diagnósticos:<ref>[CLASSIFICAÇÃO DE TRANSTORNOS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO DA CID-10: DESCRIÇÕES CLÍNICAS E DIRETRIZES DIAGNÓSTICAS, Coord. Organiz. Mund. da Saúde, Artes Médicas, Porto Alegre, 1993]</ref>

1. Comprometimento da consciência e atenção (em continuum de obnubilação ao coma; capacidade reduzida para dirigir, focar, sustentar e mudar a atenção).

2. Perturbação global da cognição (distorções perceptivas, ilusões e alucinações mais freqüentemente visuais; comprometimento do pensamento abstrato e compreensão, com ou sem delírios transitórios, mas tipicamente com algum grau de incoerência, comprometimento das memórias imediata e recente, mas com a memória remota relativamente intacta; desorientação temporal, assim como, em casos mais graves, espacial e pessoal);

3. Perturbações psicomotoras (hipo ou hiperatividade e mudanças imprevisíveis de uma para outra; tempo de reação aumentado; aumento ou diminuição do fluxo da fala; intensificação da reação de susto);

4. Perturbação do ciclo sono-vigília (insônia ou, em casos graves, perda total do sono ou reversão do ciclo sono-vigília; sonolência diurna; piora noturna dos sintomas; sonhos perturbadores ou pesadelos, os quais podem continuar como alucinação após o despertar);

5. Perturbações emocionais, por exemplo depressão, ansiedade ou medo, irritabilidade, euforia, apatia ou perplexidade abismada.

6. O início é usualmente rápido, o curso flutuante ao correr do dia e a duração total da condição menor que seis meses. O quadro clínico é tão característico que o diagnóstico pode ser feito mesmo que a causa subjacente não esteja completamente esclarecida.


O médico inexperiente ao avaliar o paciente com delirium pode precipitadamente atribuir a um transtorno psicótico, mas o quadro é bastante diferente, assim como o tratamento. Embora muitas psicoses podem ocorrer de forma abrupta, em geral o paciente dá sinais de alterações comportamentais prévias. Também não existe tanta desorganização nas psicoses não orgânicas como existe no delirium. Também no delirium é muito comum a "síndrome crepuscular", com o paciente tornando-se mais agitado e desorganizado ao anoitecer. E, mais importante, o médico deve se atentar para os sinais clínicos que são indicativos de delirium.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO[editar]

Sendo o delirium uma síndrome neuropsiquiátrica derivada de um transtorno orgânico, a correção deve ser na doença de base. Portanto, é fundamental identificar a doença de base para então corrigi-la. Não obstante, na maioria dos casos é preciso atuar no comportamento com medicações psicotrópicas, onde se deve ter especial atenção para não agravar o delirium. Psicotrópicos com efeito anticolinérgico, como a prometazina, e benzodiazepínicos podem agravar e prolongar a síndrome confusional. Benzodiazepínicos são bem indicados apenas são indicados em casos de delirium por abstinência ao álcool ou pelos próprios benzodiazepínicos. Em geral, as medicações de primeira linha para controle comportamental são os antipsicóticos de alta potência, mas em doses baixas. O haloperidol continua sendo medicação bastante segura para estes casos, geralmente não precisando passar de doses de 5mg/dia. Antipsicóticos atípicos, como risperidona e olanzapina também podem ser bastante indicados.

Alguns casos o maior desafio é identificar a doença de base. Uma das causas mais comuns é a infecção urinária em idosos, que muitas vezes pode não cursar com febre. Distúrbios hidroeletrolíticos também são causas muito comuns, especialmente em usuários de diuréticos, e demandam correção com suporte laboratorial. Na suspeita de evento cérebro-vascular indica-se imagem cerebral.


QUESTÕES PRÁTICAS[editar]

O delirium é agravo muito comum, especialmente em idosos, toxicômanos e paciente pós-operatórios. O paciente com delirium nas enfermarias cirúrgicas, assim como o delirium tremens típico da síndrome de abstinência ao álcool podem ser mais facilmente identificadas. No entanto, situações que o diagnóstico não realizado adequadamente pode ocasionar agravamento da doença de base, que potencialmente pode levar ao óbito do paciente. Comumente são levados às emergências gerais e emergências psiquiátricas, pacientes com delirium. Emergencista experientes identificam com frequência a cena de familiares levando o idoso que ficou confuso, buscando internação em leito terciário especializado onde não há o devido suporte clinico para o tratamento da doença de base. A equipe da emergência deve estar atenta para esta possibilidade, e muitas vezes deve manter sua posição de encaminhar o paciente para suporte clínico mesmo quando a família é contrária e quer forçar a internação psiquiátrica, pois, em última análise, é o médico quem tem o conhecimento técnico e responderá por um desfecho desfavorável. Também não é incomum aparecer casos na esfera judicial, como pedidos de "internação psiquiátrica compulsória". Neste sentido, a Lei 10.216 ao exigir o "laudo circunstanciado", garante que o paciente passe por avaliação médica, quando deverá se verificar qual a situação clínica real do paciente.