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==Principais informações==
 
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Orlistate é eficaz no controle de peso a longo prazo (perda de peso, manutenção do peso e prevenção da recuperação do peso perdido) e está indicado para o tratamento a longo prazo de pacientes com sobrepeso ou obesidade, incluindo pacientes com fatores de risco associados à obesidade, em conjunto com uma dieta levemente hipocalórica. Proporciona uma melhora dos fatores de risco associados ao excesso de peso, dentre eles: hipercolesterolemia, diabetes mellitus não insulino-dependente (do tipo 2), intolerância à glicose, hiperinsulinemia, hipertensão, e proporciona também a redução da gordura visceral <ref>http://assinantes.medicinanet.com.br/bula/5508/xenical.htm Bula do medicamento</ref>.
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[[Orlistate]] é eficaz no controle de peso a longo prazo (perda de peso, manutenção do peso e prevenção da recuperação do peso perdido) e está indicado para o tratamento a longo prazo de pacientes com sobrepeso ou obesidade, incluindo pacientes com fatores de risco associados à obesidade, em conjunto com uma dieta levemente hipocalórica. Proporciona uma melhora dos fatores de risco associados ao excesso de peso, dentre eles: hipercolesterolemia, diabetes mellitus não insulino-dependente (do tipo 2), intolerância à glicose, hiperinsulinemia, hipertensão, e proporciona também a redução da gordura visceral <ref>[http://assinantes.medicinanet.com.br/bula/5508/xenical.htm] Bula do medicamento</ref>.
  
Em conjunto com uma dieta levemente hipocalórica, promove controle glicêmico adicional para o tratamento de pacientes com diabetes tipo 2 com sobrepeso ou obesidade, quando utilizado em conjunto com agentes antidiabéticos orais e/ou insulina <ref>http://assinantes.medicinanet.com.br/bula/5508/xenical.htm Bula do medicamento</ref>.  
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Em conjunto com uma dieta levemente hipocalórica, promove controle glicêmico adicional para o tratamento de pacientes com diabetes tipo 2 com sobrepeso ou obesidade, quando utilizado em conjunto com agentes antidiabéticos orais e/ou insulina <ref>[http://assinantes.medicinanet.com.br/bula/5508/xenical.htm] Bula do medicamento</ref>.  
  
Em estudos preliminares, o orlistat aumentou significativamente a perda de peso, sendo isso confirmado posteriormente através de pesquisas isoladas e multicêntricas, duplo-cego e controle placebo. Nesses estudos foram utilizados 120mg de orlistat ou placebo, sendo administrados três vezes ao dia por 12 meses. Os pacientes eram obesos, saudáveis e receberam uma dieta hipocalórica, sendo 30% das calorias na forma de gordura e um déficit calórico diário de 600Kcal. No final de um ano, a média de peso perdido foi de 10,2% do peso corporal inicial no grupo tratado com orlistat e 6,1% no grupo tratado com placebo. Após dois anos de tratamento contínuo com orlistat, 57% dos pacientes mantiveram a perda de peso maior que 5%, comparada com 37% dos pacientes tratados com placebo <ref>http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796 SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistat* no controle da obesidade</ref>.
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Em estudos preliminares, o orlistat aumentou significativamente a perda de peso, sendo isso confirmado posteriormente através de pesquisas isoladas e multicêntricas, duplo-cego e controle placebo. Nesses estudos foram utilizados 120mg de orlistat ou placebo, sendo administrados três vezes ao dia por 12 meses. Os pacientes eram obesos, saudáveis e receberam uma dieta hipocalórica, sendo 30% das calorias na forma de gordura e um déficit calórico diário de 600Kcal. No final de um ano, a média de peso perdido foi de 10,2% do peso corporal inicial no grupo tratado com orlistat e 6,1% no grupo tratado com placebo. Após dois anos de tratamento contínuo com orlistat, 57% dos pacientes mantiveram a perda de peso maior que 5%, comparada com 37% dos pacientes tratados com placebo <ref>[http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796] SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistate no controle da obesidade</ref>.
  
Entre os 688 pacientes que receberam tratamento com orlistat e placebo, 26% e 43% recuperaram o peso perdido, respectivamente. Em pacientes obesos com diabetes mellitus tipo 2 (não insulino-dependentes), os níveis de HbA1C (hemoglobina glicada) diminuíram aproximadamente 0,2% e aumentaram 0,3%, respectivamente, nos pacientes tratados com orlistat e placebo, após um ano de tratamento. Estudos foram realizados procurando relacionar o uso do orlistat com alterações do perfil lipídico <ref>http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796 SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistat* no controle da obesidade</ref>.
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Entre os 688 pacientes que receberam tratamento com orlistat e placebo, 26% e 43% recuperaram o peso perdido, respectivamente. Em pacientes obesos com diabetes mellitus tipo 2 (não insulino-dependentes), os níveis de HbA1C (hemoglobina glicada) diminuíram aproximadamente 0,2% e aumentaram 0,3%, respectivamente, nos pacientes tratados com orlistat e placebo, após um ano de tratamento. Estudos foram realizados procurando relacionar o uso do orlistat com alterações do perfil lipídico <ref>[http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796] SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistate no controle da obesidade</ref>.
  
Em estudo realizado com 188 pacientes obesos, foi prescrita uma dieta hipocalórica contendo 30% de calorias na forma de gordura e orlistat nas doses de 60 e 120mg, três vezes ao dia. O resultado, ao final de 12 semanas, foi de um pequeno decréscimo no colesterol total e LDL-colesterol (180 e 360mg/dia), como também na razão HDL/LDL (360mg/dia). Não foi observada mudança significativa nos triacilglicerídeos<ref>http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796 SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistat no controle da obesidade</ref>.
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Em estudo realizado com 188 pacientes obesos, foi prescrita uma dieta hipocalórica contendo 30% de calorias na forma de gordura e orlistat nas doses de 60 e 120mg, três vezes ao dia. O resultado, ao final de 12 semanas, foi de um pequeno decréscimo no colesterol total e LDL-colesterol (180 e 360mg/dia), como também na razão HDL/LDL (360mg/dia). Não foi observada mudança significativa nos triacilglicerídeos<ref>[http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796] SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistate no controle da obesidade</ref>.
James e col. (1997) utilizaram pacientes com IMC entre 30 e 43kg/m². Durante um período de 52 semanas foi administrado orlistat 120mg, três vezes ao dia, ou placebo, juntamente com uma dieta contendo 30% de calorias na forma de gordura, com um déficit de energia de aproximadamente 600 Kcal por dia. No período de tratamento duplo-cego, a média dos níveis de colesterol total, no grupo placebo, aumentou 9,7% até o final do estudo, enquanto no grupo orlistat a média foi mantida. Os níveis de LDL colesterol aumentaram 4,8% no grupo placebo e diminuíram 4,2% no grupo orlistat. Os níveis de HDL colesterol aumentaram modestamente nos dois grupos <ref>http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796 SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistat no controle da obesidade</ref>.
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James e col. (1997) utilizaram pacientes com IMC entre 30 e 43kg/m². Durante um período de 52 semanas foi administrado orlistat 120mg, três vezes ao dia, ou placebo, juntamente com uma dieta contendo 30% de calorias na forma de gordura, com um déficit de energia de aproximadamente 600 Kcal por dia. No período de tratamento duplo-cego, a média dos níveis de colesterol total, no grupo placebo, aumentou 9,7% até o final do estudo, enquanto no grupo orlistat a média foi mantida. Os níveis de LDL colesterol aumentaram 4,8% no grupo placebo e diminuíram 4,2% no grupo orlistat. Os níveis de HDL colesterol aumentaram modestamente nos dois grupos <ref>[http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796] SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistate no controle da obesidade</ref>.
  
 
Estudo realizado por Sjöström e col. (1998) utilizou tratamento duplo-cego com orlistat 120 mg três vezes ao dia, ou placebo em pacientes obesos (n=688), sendo associado ao tratamento uma dieta hipocalórica contendo aproximadamente 30% da energia como gordura. No final de um ano de tratamento os níveis de colesterol total e LDL colesterol diminuíram mais significativamente no grupo orlistat do que no placebo. Foi observada uma pequena diminuição dos níveis de HDL colesterol em relação à média dos valores no início do tratamento. As alterações nos níveis de triacilgliceróis foram semelhantes nos dois grupos <ref>http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796 SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistat* no controle da obesidade</ref>.
 
Estudo realizado por Sjöström e col. (1998) utilizou tratamento duplo-cego com orlistat 120 mg três vezes ao dia, ou placebo em pacientes obesos (n=688), sendo associado ao tratamento uma dieta hipocalórica contendo aproximadamente 30% da energia como gordura. No final de um ano de tratamento os níveis de colesterol total e LDL colesterol diminuíram mais significativamente no grupo orlistat do que no placebo. Foi observada uma pequena diminuição dos níveis de HDL colesterol em relação à média dos valores no início do tratamento. As alterações nos níveis de triacilgliceróis foram semelhantes nos dois grupos <ref>http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796 SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistat* no controle da obesidade</ref>.
  
Mcneely e Benfield (1998) realizaram um estudo utilizando pacientes não obesos com hiperlipidemia primária (n=173), sendo administrado aos mesmos 360 mg de orlistat por dia ou placebo, durante oito semanas. As reduções nos níveis de colesterol total e LDL colesterol foram de 6% a 10% no grupo orlistat e um aumento de 1% cada no grupo placebo. No final de duas semanas todos os pacientes, agora só com placebo, retornaram para um valor próximo de 2% em relação aos valores iniciais. Os níveis de triacilgliceróis ficaram basicamente inalterados após oito semanas de tratamento com orlistat; entretanto ocorreu um aumento de 12% no grupo placebo. Foi observado um decréscimo de 12% e 8% nos níveis de VLDL colesterol e HDL colesterol, respectivamente, após oito semanas de tratamento<ref>http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796 SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistat* no controle da obesidade</ref>.
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Mcneely e Benfield (1998) realizaram um estudo utilizando pacientes não obesos com hiperlipidemia primária (n=173), sendo administrado aos mesmos 360 mg de orlistat por dia ou placebo, durante oito semanas. As reduções nos níveis de colesterol total e LDL colesterol foram de 6% a 10% no grupo orlistat e um aumento de 1% cada no grupo placebo. No final de duas semanas todos os pacientes, agora só com placebo, retornaram para um valor próximo de 2% em relação aos valores iniciais. Os níveis de triacilgliceróis ficaram basicamente inalterados após oito semanas de tratamento com orlistat; entretanto ocorreu um aumento de 12% no grupo placebo. Foi observado um decréscimo de 12% e 8% nos níveis de VLDL colesterol e HDL colesterol, respectivamente, após oito semanas de tratamento<ref>[http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796] SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistate no controle da obesidade</ref>.
  
Em pacientes que foram mantidos com uma dieta de baixa caloria e tratados com orlistat 120 mg, três vezes ao dia, os níveis de colesterol total e LDL colesterol diminuíram 7,7% e 8,9%, respectivamente. Os níveis de triacilgliceróis, pós-prandiais, após um excesso de ingesta de gordura, reduziram em 27% durante o tratamento com orlistat, mas não foram modificados significativamente nos indivíduos que receberam placebo <ref>http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796 SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistat* no controle da obesidade</ref>.
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Em pacientes que foram mantidos com uma dieta de baixa caloria e tratados com orlistat 120 mg, três vezes ao dia, os níveis de colesterol total e LDL colesterol diminuíram 7,7% e 8,9%, respectivamente. Os níveis de triacilgliceróis, pós-prandiais, após um excesso de ingesta de gordura, reduziram em 27% durante o tratamento com orlistat, mas não foram modificados significativamente nos indivíduos que receberam placebo <ref>[http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796] SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistate no controle da obesidade</ref>.
  
Em outro estudo com 188 pacientes obesos que receberam orlistat na dose de 180mg ou 360mg/dia, por um período inferior a 12 semanas, os níveis de colesterol total foram de 45% a 200% menores do que o grupo placebo. Com doses acima de 180mg/dia os níveis de LDL colesterol diminuíram significativamente. Nenhuma mudança significativa foi observada nos níveis de triacilgliceróis, HDL colesterol ou VLDL colesterol <ref>http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796 SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistat* no controle da obesidade</ref>.
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Em outro estudo com 188 pacientes obesos que receberam orlistat na dose de 180mg ou 360mg/dia, por um período inferior a 12 semanas, os níveis de colesterol total foram de 45% a 200% menores do que o grupo placebo. Com doses acima de 180mg/dia os níveis de LDL colesterol diminuíram significativamente. Nenhuma mudança significativa foi observada nos níveis de triacilgliceróis, HDL colesterol ou VLDL colesterol <ref>[http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796] SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistate no controle da obesidade</ref>.
  
 
Conclui-se, a partir dos estudos realizados em pacientes obesos, que o fármaco se mostrou efetivo quando associado a uma dieta hipocalórica contendo 30% de calorias como gordura. Um benefício extra é uma modesta redução nos níveis de colesterol total e LDL colesterol  
 
Conclui-se, a partir dos estudos realizados em pacientes obesos, que o fármaco se mostrou efetivo quando associado a uma dieta hipocalórica contendo 30% de calorias como gordura. Um benefício extra é uma modesta redução nos níveis de colesterol total e LDL colesterol  
<ref>http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796 SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistat* no controle da obesidade</ref>.
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É importante avaliar a necessidade do uso de medicamentos com o fim de emagrecimento, controle da glicemia e do colesterol.  Um estilo de vida saudável, com alimentação adequada e prática de atividades físicas pode 
 
 
 
  
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É importante avaliar a necessidade do uso de medicamentos com o fim de emagrecimento, controle da glicemia e do colesterol, pois isso pode ser conseguido através de um estilo de vida saudável, com alimentação adequada e prática de atividades físicas regulares.
  
 
==Informações sobre o medicamento/alternativas==
 
==Informações sobre o medicamento/alternativas==

Edição das 11h05min de 7 de novembro de 2014

Classe terapêutica

Controlador do peso corporal; redutor da absorção de gorduras; inibidor reversível das lipases pancreática e gástrica <ref>[1] Bula do medicamento</ref>.

Nomes comerciais

Lipiblok, Lystate, Xenical.

Principais informações

Orlistate é eficaz no controle de peso a longo prazo (perda de peso, manutenção do peso e prevenção da recuperação do peso perdido) e está indicado para o tratamento a longo prazo de pacientes com sobrepeso ou obesidade, incluindo pacientes com fatores de risco associados à obesidade, em conjunto com uma dieta levemente hipocalórica. Proporciona uma melhora dos fatores de risco associados ao excesso de peso, dentre eles: hipercolesterolemia, diabetes mellitus não insulino-dependente (do tipo 2), intolerância à glicose, hiperinsulinemia, hipertensão, e proporciona também a redução da gordura visceral <ref>[2] Bula do medicamento</ref>.

Em conjunto com uma dieta levemente hipocalórica, promove controle glicêmico adicional para o tratamento de pacientes com diabetes tipo 2 com sobrepeso ou obesidade, quando utilizado em conjunto com agentes antidiabéticos orais e/ou insulina <ref>[3] Bula do medicamento</ref>.

Em estudos preliminares, o orlistat aumentou significativamente a perda de peso, sendo isso confirmado posteriormente através de pesquisas isoladas e multicêntricas, duplo-cego e controle placebo. Nesses estudos foram utilizados 120mg de orlistat ou placebo, sendo administrados três vezes ao dia por 12 meses. Os pacientes eram obesos, saudáveis e receberam uma dieta hipocalórica, sendo 30% das calorias na forma de gordura e um déficit calórico diário de 600Kcal. No final de um ano, a média de peso perdido foi de 10,2% do peso corporal inicial no grupo tratado com orlistat e 6,1% no grupo tratado com placebo. Após dois anos de tratamento contínuo com orlistat, 57% dos pacientes mantiveram a perda de peso maior que 5%, comparada com 37% dos pacientes tratados com placebo <ref>[4] SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistate no controle da obesidade</ref>.

Entre os 688 pacientes que receberam tratamento com orlistat e placebo, 26% e 43% recuperaram o peso perdido, respectivamente. Em pacientes obesos com diabetes mellitus tipo 2 (não insulino-dependentes), os níveis de HbA1C (hemoglobina glicada) diminuíram aproximadamente 0,2% e aumentaram 0,3%, respectivamente, nos pacientes tratados com orlistat e placebo, após um ano de tratamento. Estudos foram realizados procurando relacionar o uso do orlistat com alterações do perfil lipídico <ref>[5] SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistate no controle da obesidade</ref>.

Em estudo realizado com 188 pacientes obesos, foi prescrita uma dieta hipocalórica contendo 30% de calorias na forma de gordura e orlistat nas doses de 60 e 120mg, três vezes ao dia. O resultado, ao final de 12 semanas, foi de um pequeno decréscimo no colesterol total e LDL-colesterol (180 e 360mg/dia), como também na razão HDL/LDL (360mg/dia). Não foi observada mudança significativa nos triacilglicerídeos<ref>[6] SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistate no controle da obesidade</ref>.

James e col. (1997) utilizaram pacientes com IMC entre 30 e 43kg/m². Durante um período de 52 semanas foi administrado orlistat 120mg, três vezes ao dia, ou placebo, juntamente com uma dieta contendo 30% de calorias na forma de gordura, com um déficit de energia de aproximadamente 600 Kcal por dia. No período de tratamento duplo-cego, a média dos níveis de colesterol total, no grupo placebo, aumentou 9,7% até o final do estudo, enquanto no grupo orlistat a média foi mantida. Os níveis de LDL colesterol aumentaram 4,8% no grupo placebo e diminuíram 4,2% no grupo orlistat. Os níveis de HDL colesterol aumentaram modestamente nos dois grupos <ref>[7] SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistate no controle da obesidade</ref>.

Estudo realizado por Sjöström e col. (1998) utilizou tratamento duplo-cego com orlistat 120 mg três vezes ao dia, ou placebo em pacientes obesos (n=688), sendo associado ao tratamento uma dieta hipocalórica contendo aproximadamente 30% da energia como gordura. No final de um ano de tratamento os níveis de colesterol total e LDL colesterol diminuíram mais significativamente no grupo orlistat do que no placebo. Foi observada uma pequena diminuição dos níveis de HDL colesterol em relação à média dos valores no início do tratamento. As alterações nos níveis de triacilgliceróis foram semelhantes nos dois grupos <ref>http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1796 SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistat* no controle da obesidade</ref>.

Mcneely e Benfield (1998) realizaram um estudo utilizando pacientes não obesos com hiperlipidemia primária (n=173), sendo administrado aos mesmos 360 mg de orlistat por dia ou placebo, durante oito semanas. As reduções nos níveis de colesterol total e LDL colesterol foram de 6% a 10% no grupo orlistat e um aumento de 1% cada no grupo placebo. No final de duas semanas todos os pacientes, agora só com placebo, retornaram para um valor próximo de 2% em relação aos valores iniciais. Os níveis de triacilgliceróis ficaram basicamente inalterados após oito semanas de tratamento com orlistat; entretanto ocorreu um aumento de 12% no grupo placebo. Foi observado um decréscimo de 12% e 8% nos níveis de VLDL colesterol e HDL colesterol, respectivamente, após oito semanas de tratamento<ref>[8] SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistate no controle da obesidade</ref>.

Em pacientes que foram mantidos com uma dieta de baixa caloria e tratados com orlistat 120 mg, três vezes ao dia, os níveis de colesterol total e LDL colesterol diminuíram 7,7% e 8,9%, respectivamente. Os níveis de triacilgliceróis, pós-prandiais, após um excesso de ingesta de gordura, reduziram em 27% durante o tratamento com orlistat, mas não foram modificados significativamente nos indivíduos que receberam placebo <ref>[9] SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistate no controle da obesidade</ref>.

Em outro estudo com 188 pacientes obesos que receberam orlistat na dose de 180mg ou 360mg/dia, por um período inferior a 12 semanas, os níveis de colesterol total foram de 45% a 200% menores do que o grupo placebo. Com doses acima de 180mg/dia os níveis de LDL colesterol diminuíram significativamente. Nenhuma mudança significativa foi observada nos níveis de triacilgliceróis, HDL colesterol ou VLDL colesterol <ref>[10] SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistate no controle da obesidade</ref>.

Conclui-se, a partir dos estudos realizados em pacientes obesos, que o fármaco se mostrou efetivo quando associado a uma dieta hipocalórica contendo 30% de calorias como gordura. Um benefício extra é uma modesta redução nos níveis de colesterol total e LDL colesterol <ref>[11] SILVA, A. N. et al Estudo químico-farmacêutico e aspectos bioquímicos do orlistate no controle da obesidade</ref>.

É importante avaliar a necessidade do uso de medicamentos com o fim de emagrecimento, controle da glicemia e do colesterol, pois isso pode ser conseguido através de um estilo de vida saudável, com alimentação adequada e prática de atividades físicas regulares.

Informações sobre o medicamento/alternativas

Orlistate não está padronizado em nenhum dos programas do Ministério da Saúde, o qual é responsável pela seleção e definição dos medicamentos a serem fornecidos pelos referidos programas. Ainda, compete a esse órgão elaborar os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas para tratamento da patologia que acomete o paciente. Sendo assim, cumpre ser informado que o medicamento referido, por não estar padronizado, não é fornecido pelo Estado.

Não há alternativa terapêutica medicamentosa padronizada nos programas do Ministério da Saúde para o tratamento da obesidade no momento.

Para portadores de dislipidemias (CID 10 E78.0, E78.1, E78.2, E78.3, E78.4, E78.5, E78.6, E78.8), conforme o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde, a SES disponibiliza atorvastatina (10mg e 20mg), lovastatina (20mg e 40mg), pravastatina (10mg, 20mg e 40mg), fluvastatina (20mg e 40mg) e bezafibrato (200mg e 400mg), ciprofibrato (100mg) e genfibrozila (600mg e 900mg) através do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica.

O acesso ao Componente Especializado da Assistência Farmacêutica se dá através de abertura de processo de solicitação de medicamento, devendo o paciente ou, na sua impossibilidade, o seu cuidador, dirigir-se à Unidade de Assistência Farmacêutica - UFAs para este Programa, a qual o município onde reside está vinculado. Ainda, o fármaco sinvastatina 10mg, 20mg e 40mg é integrante da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) 2013. A aquisição e distribuição deste medicamento é responsabilidade dos municípios, os quais recebem recursos financeiros das três esferas em gestão. Ressalta-se que a disponibilização deste fármaco é obrigatória, de acordo com a Deliberação 501/CIB/13 de 27 de novembro de 2013, visando garantir as linhas de cuidado das doenças contempladas no Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, indicados nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), de acordo com a necessidade local/regional. Ainda, este medicamento está sendo disponibilizado na Farmácia Popular e nas farmácias conveniadas no Programa Farmácia Popular do Brasil, conforme Portaria nº 971 de 15 de maio de 2012.

Cabe ressaltar que ter uma boa alimentação é sinônimo de vida saudável. Por meio da Política Nacional de Alimentação e Nutrição, o governo incentiva a população a ter bons hábitos e conscientiza sobre os riscos de doenças causadas pela ingestão prolongada de alguns tipos de produtos. Também, a Portaria nº 2681, de 7 de novembro de 2013, definiu o Programa Academia de Saúde no âmbito do SUS . Este programa tem como objetivo principal aumentar o nível de atividade física da população e promover hábitos alimentares saudáveis a partir da implantação de pólos com infraestrutura, equipamentos e profissionais qualificados para a orientação de práticas corporais, atividades físicas e lazer. Esses fatores estimulam a promoção da saúde e estimula um modo de vida saudável.

Além disso, a Portaria nº 425, de 19 de março de 2013, estabeleceu o regulamento técnico, normas e critérios para o Serviço de Assistência de Alta Complexidade ao Indivíduo com Obesidade. Ela define o estabelecimento que oferece assistência diagnóstica e terapêutica especializada, condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos adequados ao atendimento aos indivíduos com obesidade como Serviço de Assistência de Alta Complexidade ao Indivíduo com Obesidade.

Os indivíduos com indicação para o tratamento cirúrgico da obesidade são aqueles com obesidade grau III e obesidade grau II com comorbidades, conforme os critérios estabelecidos nessa portaria. Fica incluído, na Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS, o procedimento 03.01.12.006-4 - Acompanhamento de paciente pré-cirurgia bariátrica por equipe multiprofissional, o procedimento 03.01.12.005-6 - Acompanhamento de paciente pós-cirurgia bariátrica por equipe multiprofissional e o procedimento 04.07.01.036-0 -Gastrectomia Vertical em Manga (Sleeve) - na Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS, conforme Anexo III a esta Portaria.

Cabe verificar se o município do autor contempla algum programa de assistência ao indivíduo com obesidade.


Referências

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